quarta-feira, 30 de abril de 2014

É DEUS QUEM FAZ OS SANTOS

Quando os jornais noticiam que a Igreja Católica fez algum novo santo, usam a expressão errada. A Igreja não faz santos. Ela os declara. Só o Deus que é o mil vezes santo pode fazer santos. Jesus, o Filho, veio ao mundo fazer santos, mas isso é graça que Deus dá e que o ser humano, adjetivado por esta graça não desperdiça. A santidade é para todos, mas nem todos a conseguem. A ninguém ela é negada, mas nem todos conseguem desenvolvê-la.
Em grande maioria somos como o carregador de água pura que foi à fonte, mas seu vasilhame tinha furos demais. Já no meio da jornada ele desperdiçara tudo. O santo é aquele que consegue armazenar e fazer uso correto das graças que recebe. Raramente a desperdiça.
Segundo doutrina dos católicos há santos em todas as religiões e, segundo expressão do próprio Bento XVI, na entrevista “Sal da Terra”, em todas as religiões há os que tocam o mistério e os que não conseguem. Aquele que consegue viver para Deus e para os outros, e em tudo mostra-se pessoa aberta ao bem do outro, tem todas as chances de ser um santo. Nós, católicos o proclamamos eleito e santificado, afirmamos que ele está no céu e colocamos sua imagem nos nossos templos para que os fiéis saibam que alguém antes de nós viveu em Cristo, com Cristo e por Cristo. Serve de modelo.
Veneramos este irmão ou esta irmã que, em vida, adorou Jesus e o serviu e até morreu pelos outros. Reservamos a eles elogios e preces porque sabemos que vivos no céu eles oram por nós. Como cremos que o sangue de Jesus tem poder e Jesus é salvador eficaz, apostamos que há bilhões de santos no céu. Jesus os salvou. Não estão esperando milhões de anos para entrar no gozo da luz eterna.

Católicos gostam de santos. Eu gosto! Não tenho muitas imagens deles, mas de alguns, sim. Não as adoro, mas gosto de santo. É gente de primeira linha, adjetivada e qualificada pela graça. Os santos fazem-me pensar em quem me precedeu. Suas vidas deram certo. Espero que a minha também dê. Um dia desperdiçarei menos graças.
Conheço cristãos que não levam os santos a sério. Como rejeitam as imagens acabam rejeitando o santo que não tem culpa do que fazem com as suas efígies. Mas, quando o uso das imagens deles é correto, faz bem pensar nesses cristãos que nos precederam.

Na Califórnia, numa pequena região de colonos açorianos assisti a uma procissão de 22 imagens de santos portugueses. Partiram do sacrário, deram a volta pelos campos e voltaram ao sacrário. Cada qual com os seus devotos e seus hinos. O simbolismo era evidente. Santo tem seguidor. E todos eles vieram da eucaristia e levaram à eucaristia. No final, ficaram todas as imagens perfiladas como quem olha para o sacrário. Os fiéis fizeram o mesmo. As bandas silenciaram e, então, o sacerdote, santo homem e excelente pregador, falou do chamado à santidade. As imagens foram guardadas para o próximo ano, mas lá ficaram os fiéis, lembrados que, sim, é possível ser santo ainda hoje. Se aqueles 22 puderam, outros poderão! Lembrá-los é cultivar a esperança. Um dia será a nossa vez.
Isto mesmo! Eu tenho imagens e medalhas de santos. E gosto delas. É que eu admiro e gosto de santos!
Pe. Zezinho scj

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