quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cantiga de sacerdote (Pe. Zezinho, scj)

Eu não merecia não
E ainda não mereço
Ser divulgador do céu
Não merecia nem mereço
Reconheço que há milhões
Muito mais santos do que eu
Mas teu amor me escolheu!

Escondeste o teu tesouro
Neste cofre que sou eu
Acontece que de barro eu sou!

Sou quebradiço, meu Senhor
Por causa disso meu Senhor
Conserta o que eu quebrar
Perdoa se eu errar
Corrige se eu falhar
Mas não me deixes
Não me deixes me afastar do teu chamado!

Teu povo sofre meu Senhor
Por causa dele meu Senhor
Me inspira o que dizer
Me mostra o que fazer
Me ensina como ser
Mas não me deixes
Não me permitas que eu me afaste do seu lado

Teu povo chora, meu Senhor
Teu povo espera, meu Senhor
Com medo de viver
Às vezes sem saber
Querendo e sem querer
Mas ele sonha
Dá-me a graça de sonhar com o teu povo

É DEUS QUEM FAZ OS SANTOS

Quando os jornais noticiam que a Igreja Católica fez algum novo santo, usam a expressão errada. A Igreja não faz santos. Ela os declara. Só o Deus que é o mil vezes santo pode fazer santos. Jesus, o Filho, veio ao mundo fazer santos, mas isso é graça que Deus dá e que o ser humano, adjetivado por esta graça não desperdiça. A santidade é para todos, mas nem todos a conseguem. A ninguém ela é negada, mas nem todos conseguem desenvolvê-la.
Em grande maioria somos como o carregador de água pura que foi à fonte, mas seu vasilhame tinha furos demais. Já no meio da jornada ele desperdiçara tudo. O santo é aquele que consegue armazenar e fazer uso correto das graças que recebe. Raramente a desperdiça.
Segundo doutrina dos católicos há santos em todas as religiões e, segundo expressão do próprio Bento XVI, na entrevista “Sal da Terra”, em todas as religiões há os que tocam o mistério e os que não conseguem. Aquele que consegue viver para Deus e para os outros, e em tudo mostra-se pessoa aberta ao bem do outro, tem todas as chances de ser um santo. Nós, católicos o proclamamos eleito e santificado, afirmamos que ele está no céu e colocamos sua imagem nos nossos templos para que os fiéis saibam que alguém antes de nós viveu em Cristo, com Cristo e por Cristo. Serve de modelo.
Veneramos este irmão ou esta irmã que, em vida, adorou Jesus e o serviu e até morreu pelos outros. Reservamos a eles elogios e preces porque sabemos que vivos no céu eles oram por nós. Como cremos que o sangue de Jesus tem poder e Jesus é salvador eficaz, apostamos que há bilhões de santos no céu. Jesus os salvou. Não estão esperando milhões de anos para entrar no gozo da luz eterna.

Católicos gostam de santos. Eu gosto! Não tenho muitas imagens deles, mas de alguns, sim. Não as adoro, mas gosto de santo. É gente de primeira linha, adjetivada e qualificada pela graça. Os santos fazem-me pensar em quem me precedeu. Suas vidas deram certo. Espero que a minha também dê. Um dia desperdiçarei menos graças.
Conheço cristãos que não levam os santos a sério. Como rejeitam as imagens acabam rejeitando o santo que não tem culpa do que fazem com as suas efígies. Mas, quando o uso das imagens deles é correto, faz bem pensar nesses cristãos que nos precederam.

Na Califórnia, numa pequena região de colonos açorianos assisti a uma procissão de 22 imagens de santos portugueses. Partiram do sacrário, deram a volta pelos campos e voltaram ao sacrário. Cada qual com os seus devotos e seus hinos. O simbolismo era evidente. Santo tem seguidor. E todos eles vieram da eucaristia e levaram à eucaristia. No final, ficaram todas as imagens perfiladas como quem olha para o sacrário. Os fiéis fizeram o mesmo. As bandas silenciaram e, então, o sacerdote, santo homem e excelente pregador, falou do chamado à santidade. As imagens foram guardadas para o próximo ano, mas lá ficaram os fiéis, lembrados que, sim, é possível ser santo ainda hoje. Se aqueles 22 puderam, outros poderão! Lembrá-los é cultivar a esperança. Um dia será a nossa vez.
Isto mesmo! Eu tenho imagens e medalhas de santos. E gosto delas. É que eu admiro e gosto de santos!
Pe. Zezinho scj

A necessidade da Tradição e do Sagrado Magistério da Igreja

A Igreja Católica, desde os tempos apostólicos ensina que além da Sagrada Escritura, também é necessário para a formação doutrinal e moral da Igreja, a Sagrada Tradição (compreendendo aí os ensinamentos dos apóstolos e dos primeiros cristãos) e o Sagrado Magistério ( compreendendo o que os Concílios, o Bispo de Roma em particular, e em comunhão com ele todos os Bispos definem e ensinam como verdades de fé e moral ).

Tal tríade abençoada ( Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e Sagrado Magistério) foram e são os responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de toda a doutrina católica nestes vinte séculos de história cristã.

O Protestantismo nega tanto a Tradição quanto o Magistério legitimamente instituído por Jesus Cristo. Para eles, a única regra é a Sola Scriptura (ou seja somente a Bíblia e nada mais do que ela é regra de fé e de moral) interpretada livremente por qualquer pessoa ( método do livre exame ). Eis Martinho Lutero a dize-lo sem rodeios: "a todos os cristãos e a cada um em particular pertence conhecer e julgar a doutrina. Anátema a quem lhe tocar um fio deste direito" ( Conforme D. M. Luthers, Werke, Kritische Gesamtausgabe. Weimar, X. 2 Abt., p. 217, 1883 ss). Como se dissesse a cada um de seus seguidores: Eia pois, valoroso cristão! Tu és mestre de ti mesmo. Despreza tudo o que os primeiros cristãos, os Bispos e os Concílios definiram como verdade. Toma tu a bíblia, senta em tua saleta e defina tu mesmo o teu cristianismo!

Procuraremos demonstrar - Se Deus o consentir - que ao abandonar tanto a Sagrada Tradição quanto o Sagrado Magistério, o protestantismo provocou inadvertidamente sua própria dissolução doutrinária e orgânica. E hoje, infelizmente, sob o elástico nome de "protestantismo" se abrigam milhares e milhares de seitas doutrinariamente e disciplinadamente discordantes entre si. Causando um fragrante escândalo à causa ecumênica e ao desejo expresso de Jesus Cristo: " Para que todos sejam um (...) e o mundo creia que tu me enviaste" ( Jo 17, 20-21).

Com efeito, sabemos, a própria Bíblia não caiu pronta dos céus. Quem definiu que cada um dos livros que compõem a Sagrada Escritura, era de inspiração Divina foi o Espirito Santo agindo através da Tradição e do Magistério Católico. Isto são fatos históricos! Quem definiu o cânon completo, tanto do antigo quanto do novo testamento, foi o Espirito Santo através da Tradição e do Magistério. Quem definiu que o Novo Testamento e o Velho fosse enfeixado em um único volume dando portanto igual valor entre os dois testamentos foi a Tradição e o Magistério. Do que viveu a Igreja católica primitiva, durante os primeiros anos de pregação? Quando o Novo testamento ainda não havia sido escrito? Sobreviveu pela Tradição e pelo Magistério.

A própria Bíblia dá testemunho interno da necessidade de uma Tradição e de um Magistério vivo, para interpretá-la e ensiná-la. Transcrevo sobre isto, o magnífico comentário de Pe. Leonel Franca: "(a própria Bíblia) inculca a necessidade do ensino vivo, a importância de conservar a tradição, a insuficiência das Escrituras, que segundo afirma São João, não encerra tudo o que ensinou o Salvador (Jo 21,25). Jesus Cristo nunca mandou aos seus discípulos que folheassem um livro para achar a sua doutrina, mandou pelo contrário aos fiéis, que ouvissem aos que Ele mandara pregar: quem vos ouve, a mim ouve; se alguém não ouvir a Igreja, seja considerado como infiel e publicano, isto é, não pertencente a minha Igreja: se alguém não vos receber nem ouvir vossas palavras, saindo da casa ou da cidade sacudi até o pó dos sapatos; Pai oro não só por estes (Apóstolos) mas por todos os que hão de crer em mim mediante a sua palavra a fim de que sejam todos uma coisa só. Foi Jesus ainda quem prometeu o seu Espírito de Verdade, a sua assistência espiritual, todos os dias, até a consumação dos séculos, para que os apóstolos vivendo moralmente em seus sucessores (os bispos ) continuassem até o final dos tempos a ensinar sempre tudo o que ele nos mandou. Eis meus caros leitores, o que diz a Bíblia" ( Franca, P. Leonel, I.R.C., 1958, pg.216-7).

Quando se fala de Magistério, evidentemente se fala do magistério legítimo, constituído por Jesus Cristo, o qual prometeu assistência especial e infalível até o final dos tempos: "Recebei o Espírito Santo (...) Eu estarei convosco até o final do tempos". Hoje, qualquer papalvo se atribui a si mesmo o título de "bispo" e sai por aí a fundar seitas e pregar doutrinas. Evidentemente este não é um magistério legítimo. O indivíduo que a si mesmo se premia com o título de "bispo", nada mais é que um mentiroso sacrílego.

Os próprios apóstolos ensinaram à exaustão a respeito da necessidade da Sagrada tradição e do Magistério legitimamente constituído. Vejamos S. João em suas últimas duas epístolas dizer expressamente que não quis confiar tudo por escrito, mas havia outras coisas que comunicaria à viva voz ( II Jo., 12 ; III Jo, 14). O apóstolo São Paulo, inculca fortemente a necessidade de uma tradição e um magistério vivo: "Estais firmes, irmãos e conservai as tradições que aprendestes ou de viva voz..." ( II Tes 2,15 ); "que vos aparteis de todos os que andam em desordens e não segundo a tradição que receberam de nós" (II Tes 3,6); "O que de mim ouvistes por muitas testemunhas, ensina-o a homens fiéis que se tornem idôneos para ensinar aos outros" (II Tm 2,2). A Igreja fundada por Cristo, portanto, seria ela "a coluna e o firmamento da verdade" ( I Tm 15). A Igreja fundada por Cristo portanto é maior que a Sagrada Escritura. Pois a Igreja é quem a escreveu, a definiu, a interpreta e a ensina. Os primeiros cristãos seguindo os ensinamentos dos apóstolos e já de posse da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério, nem pensam ser a Bíblia a única regra de fé. Aqui, por falta de espaço, vamos respigar apenas algumas citações da vasta seara dos testemunhos primitivos: "Advertia, antes de tudo, as igrejas das diversas cidades, evitassem, sobre todas as coisas, as heresias que começavam então a se alastrar e exortava-as a se aterem tenazmente à tradição dos apóstolos" ( Eusébio resumindo o ensino de S. Inácio de Antioquia, martirizado no ano 107 DC cf. Euséb., Hist. Eccles., III, 36 / MG, 20, 287); "Antes exortei-vos a vos conservardes unânimes na doutrina de Deus, pois Jesus Cristo nossa vida inseparável, é a doutrina do Pai, como a doutrina de Jesus Cristo são os bispos constituídos nas diversas regiões da terra" ( clara alusão ao Sagrado Magistério) ( S. Inácio, + 107 DC in Ad Ephesios, 3-4) ; "Sob Clemente, havendo nascido forte discórdia entre os irmãos de Corinto, a Igreja de Roma escreveu-lhes uma carta enérgica, exortando-os à paz, reparando-lhes a fé, e anunciando-lhes a tradição que havia pouco tinham recebido dos apóstolos" ( S. Irineu, martirizado em 202 DC in Contra as Heresias III, c.3,n.3) ; "Aí está claro, a quantos querem ver a verdade, a tradição dos apóstolos, manifesta em toda a Igreja disseminada pelo mundo inteiro..."( S. Irineu mártir in Contra as heresias III, 3, 1) ; "Não devemos buscar nos outros a verdade que é fácil receber da Igreja, pois os apóstolos a mãos cheias, versaram nela, como em riquíssimo depósito, toda a verdade... Este é o caminho da vida" (Idem, In Contra as heresias III, 4, 1); "E se os apóstolos não nos houvessem deixado as Escrituras, não cumpria seguir a ordem da Tradição por eles ensinada aos a quem confiavam à sua Igreja?" ( Idem, In Contra as heresias III, 4,1) ; "De nada vale as discussões das Escrituras. A heresia não aceita alguns de seus livros, e se os aceita, corrompe-lhes a integridade, adulterando-os com interpolações e mutilações ao sabor de suas idéias, e se, algumas vezes admitem a Escritura inteira, pervertem-lhe o sentido com interpretações fantásticas..." ( Tertuliano séc III In De Praescriptionibus., c. 19 / ML, II,31). Na mesma obra assevera que onde estiver a verdadeira Igreja, "aí se achará a verdade das Escrituras, da sua interpretação e de todas as tradições cristãs" ( Idem, De Praescript., c. 19 ML, II, 31).

Jesus Cristo, instituiu para sua Única Igreja, um Magistério verdadeiro, pois disse à Pedro: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares na terra será ligado nos céus..." ( Mt 16, 18-19), e em outro lugar "Eu estarei convosco até o final dos tempos". Para os católicos, se Jesus prometeu ficar conosco até o final dos tempos ele irá cumprir literalmente esta promessa. Se ele disse que a sua Igreja iria se manter firme por todo o sempre porque as portas do inferno não iriam prevalecer, nós cremos que ele está cumprindo concretamente esta promessa.

Pois não é exatamente isto que constatamos na Igreja Católica? Dois mil anos de existência ininterrupta. E que constância doutrinária e moral admirável! Quantas perseguições e vicissitudes e no entanto "as portas do inferno não prevaleceram". Parte desta unidade e estabilidade maravilhosa devemos certamente à instituição da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério por Cristo e pelos apóstolos.

O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o Magistério sofre desde os seus primórdios uma desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a Igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e acolá, junturas e cacos em todas as direções.

As divisões e subdivisões do Protestantismo desafiam hoje a paciência dos mais abnegados dos estatísticos.

Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato, descrevendo lucidamente o processo de desagregação doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola scriptura e do livre exame: "Na nova seita (protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo" ( In I.R.C. Pg. 212 , 7ª ed.).

Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão, infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há grupelho que só admite batismo em água corrente e sem cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca. Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e pastores, ali pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos, acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas quando o assunto é ministério ordenado. Após a morte, o que espera o cristão ? Pode um crente questionar seu pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a flora. Há Pastor que prega que todos estarão inconscientes até a vinda de Cristo quando serão julgados; outros pregam o "arrebatamento" sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o inferno é temporário; opinam alguns que ele não existe; e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um maluco aqui e ali aprovando a poligamia? Lutero mesmo admitiu tal possibilidade: "Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às Escrituras; não quisera porém ser o primeiro a introduzir este exemplo entre cristãos" ( Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (...) De Wette, Berlin, 1825-1828, II. 259 ). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que demonstra que entre os critérios para um evangélico escolher sua nova igreja está o tamanho do estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.

Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, que no século passado já afirmava: "Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado ? Portanto uma confusão (é a regra ) mesmo dentre as matérias mais essenciais" ( Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953)

Mas o próprio Lutero que saiu-se no mundo com esta novidade da sola scriptura viveu o suficiente para testemunhar e confessar os malefícios que estas doutrinas iriam causar pelos séculos afora: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" ( Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ). Um outro trecho selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha também de quando em quando uns momentos de bom senso: "Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm" ( Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).

Gostaríamos de terminar por aqui para não sermos enfadonhos. Quando o Pai do Protestantismo, diante da dissolução das seitas, já há quinhentos anos atrás, confessa ao outro "reformador" que seria necessário receber de novo o Sagrado Magistério ( Concílios ) para manter a unidade, a regra do livre exame e da sola scriptura já está julgada por si mesma.

Autor: Dr. Udson Correia

terça-feira, 29 de abril de 2014

COMUNIDADE CRISTÃ, DOM DO ESPÍRITO SANTO!



Aqueles que verdadeiramente fazem a experiência da realidade do Espírito são levados a descobrir a realidade da comunidade cristã assim como o fizeram os primeiros cristãos.
Jesus havia anunciado não somente o que deve ser a “comunhão” entre os cristãos na parábola da Vida (Jo 15) mas ainda orou por essa unidade vivida entre os cristãos (Jo 17, 20-23).
Após Pentecostes, esta comunhão, esta comunidade, se realiza sob a ação do Espírito. Só Ele pode criar uma comunidade cristã. Só Ele põe os cristãos em comunhão uns com os outros numa relação vital. É o seu papel próprio. Pode-se assim dizer: Pentecostes é o nascimento de uma COMUNIDADE CRISTA; em outras palavras, o nascimento da Igreja.
Encontramos nos Atos três descrições da primeira comunidade cristã, mas na verdade é preciso ler e reler as cartas dos Apóstolos para fazer uma idéia completa da vida das primeiras comunidades. Mas os três textos seguintes são um ponto de partida para nossa reflexão.
Ei-los:
At 2, 42-47: “Eles se mostravam assíduos aos ensinamentos dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. O temor se apossava de todos os espíritos, porque numerosos eram os prodígios e sinais realizados pelos Apóstolos. Todos os fiéis, unidos, tinham tudo em comum; vendiam as suas propriedades e os seus bens e dividiam o preço entre todos, segundo as necessidades de cada um.
Dia após dia, unânimes, freqüentavam assiduamente o Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam do favor de todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava à comunidade os que seriam salvos”.
At 4, 32-37: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum entre eles. Com muito vigor, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles tinham grande aceitação. Não havia entre eles indigente algum, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos Apóstolos; e distribuía-se a cada um segundo a sua necessidade.
José, denominado Barnabé pelos apóstolos, o que quer dizer filho de exortação, levita originário de Chipre, possuía um campo; ele o vendeu e trouxe o dinheiro para depô-lo aos pés dos apóstolos”.
At 5, 12-16: “Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo…
Todos permaneciam unidos, no pórtico de Salomão, e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo celebrava os seus louvores. Aderiam ao Senhor fiéis em número cada vez major, uma multidão de homens e de mulheres.
…a ponto de serem os doentes transportados para as praças e depostos lá em leitos e catres, afim de que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
A multidão acorria mesmo das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e atormentados de espíritos impuros, e todos eram curados”.
Uma frase nos dá as duas linhas de força da “Koinonia”. “Eles se mostravam assíduos aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna.”
Vamos apresentar esta palestra em 5 pontos:
1. Em que consistia a comunidade
2. Papel dos carismas na comunidade
3. Os frutos do Espírito na comunidade
4. As reuniões da comunidade
5. 0 crescimento da comunidade: o testemunho.
1º) Em que consistia a comunidade
a) Comunhão quer dizer adesão ao ensino dos Apóstolos.
Este ponto é capital. A unidade não pode ser criada e mantida se não há fidelidade à fé, obediência à fé. Os apóstolos eram as testemunhas e transmitiam o que haviam visto e ouvido: “o que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da palavra da vida – porque a vida manifestou-se: nós vimos e damos testemunho e vos anunciamos esta Vida eterna” (1 Jo l’ 1-2).
Paulo era formal sobre este ponto, ele que, após a visão no caminho para Damasco, poderia tão facilmente ter formado sua pequena seita. Eis seu testemunho: “Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele bem articulado, todo o edifício se ergue em santuário sagrado, no Senhor, e vós, também, nele sois co-edificados para serdes uma habitação de Deus, no Espírito” (Ef 2, 20-22).
Paulo vai à assembléia de Jerusalém para estar em comunhão de doutrina com os Apóstolos; para dizer-lhes que prega o mesmo Evangelho: “Pois aquele que estava operando em Pedro para a missão dos circuncisos operou também em mim em favor dos gentios – e conhecendo a graça a mim concedida, Tiago, Cafas e João, todos como colunas, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão; nós pregaríamos aos gentios e eles para a Circuncisão; nos só nos devíamos lembrar dos pobres, o que, aliás, tenho procurado fazer com solicitude” (Gál 2, 8-10).
Aos Coríntios ele escreveria: “Por conseguinte, tanto eu como eles, eis o que pregamos. Eis também o que acreditastes” (1 Cor 15, 11).
b) Comunhão quer dizer ter um só coração, uma só alma
Paulo insistia a tempo e a contratempo para que se guardasse a unidade no Cristo. Esta unidade no Cristo suplanta todas as divergências, todas as diferenças de raças, de cultura: é fazer-se em comum a experiência da comunhão em Jesus Cristo. Existem numerosas expressões paulinas desta comunhão fraterna. Eis três:
- Flp 2, 1-5: “Portanto, pelo conforto que há em Cristo, pela consolação que há no Amor, pela comunhão do Espírito, por toda ternura e compaixão, levais à plenitude minha alegria, pondo-vos acordes no mesmo sentimento, no mesmo amor, numa só alma, num só pensamento, nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade, julgando cada um os outros superiores a si mesmo, nem cuidando cada um só do que é seu, mas também do que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus”.
A unidade vai ao ponto de terem entre si os mesmos sentimentos que Jesus.
- “Eu vos exorto, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, a andardes de modo digno da vocação com que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor, procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação com que fostes chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef 4, 1-6).
Paulo não podia suportar os que queriam ter sua própria igrejinha.
“Eu vos exorto, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: guardai a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre vós; sede estreitamente unidos na mesma inteligência e no mesmo modo de pensar. Com efeito, meus irmãos, pessoas da casa de Cloé me informaram de que existem rixas entre vós. Explico-me: cada um de vós diz: “Eu sou de Paulo!” ou “Eu sou de Apolo!” ou “Eu sou de Cefas!” ou “Eu sou de Cristo!”. Cristo estaria dividido? Paulo terá sido crucificado em vosso favor? Ou fostes batizados em nome de Paulo?” (1 Cor 1, 10-13).
2º) Papel dos carismas na comunidade
- Para começar, que é um carisma? É algo gratuito: é um dom do Amor de Deus a seus filhos. (Ler a este respeito o artigo do Pe. Lebeau na “Revue Magnificat” nº 2, abril de 1974.)
- Estes dons espirituais são dados para edificar, construir a comunidade. “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria, a outro a palavra da ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro o poder de fazer milagres; a outro a profecia; a outro o discernimento dos espíritos; a outro o dom de falar em línguas; a outro ainda o dom de as interpretar. Mas, isso tudo, é o único e mesmo Espírito que o realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1 Cor 12, 4-11).
Paulo deseja que os cristãos não fiquem na ignorância a respeito dos carismas: 1 Cor 12, 1: “A propósito dos dons do Espírito, irmãos, não quero que estejais na ignorância”.
- É preciso mesmo pedi-los, aspirar a eles. É perfeitamente normal em uma comunidade cristã. Toda comunidade cristã deve ser carismática; isto é, os dons espirituais devem normalmente aí se manifestar; o contrário seria anormal.
Procurai a caridade. Entretanto, aspirai aos dons do Espírito, principalmente a profecia” (1 Cor ’14, 1 ).
“É por isto que aquele que fala em línguas, deve orar para poder interpretá-las. Se oro em línguas o meu espírito está em oração, mas a minha inteligência nenhum fruto colhe. Que fazer, pois? Orarei com o meu espírito, mas hei de orar também com a minha inteligência. Cantarei com o meu espírito, mas cantarei também com a minha inteligência. Com efeito, se deres graças apenas com teu espírito, como poderá o ouvinte não iniciado dizer “Amém” à tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Sem dúvida, a tua ação de graças é valiosa, mas o outro não se edifica. Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vós. Mas numa assembléia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas.
Irmãos, quanto ao modo de julgardes, não sejais como crianças; quanto à malícia, sim, sede crianças, mas, quanto ao modo de julgar, sede adultos. Está escrito na Lei: falarei a esse povo por homens de outras línguas e por lábios estrangeiros, e mesmo assim não me escutarão, diz o Senhor. Por conseguinte, as línguas são um sinal não para os que crêem, mas para os que não crêem. A profecia, por sua vez, não é para os infiéis, mas para os que crêem. Se, por exemplo, a Igreja se reunir e todos falarem em línguas, os indoutos e os incrédulos que entrarem não dirão que estais loucos? Se, ao contrário, todos profetizarem, o incrédulo ou o indouto que entrar, há de se sentir argüido por todos; os segredos do seu coração serão desvendados; prostrar-se-á com o rosto por terra, adorará a Deus e proclamará que Deus está realmente no meio de vós.
Que fazer, pois, irmãos? Quando estais reunidos, cada um de vós pode cantar um cântico, proferir um ensinamento ou uma revelação, falar em línguas ou interpretá-las; mas que tudo se faça para a edificação! Se há quem fale em línguas, falem dois ou no máximo três, um após o outro. E que alguém as interprete. Se não há intérprete, cale-se o irmão na assembléia; fale a si mesmo e a Deus. Quanto aos profetas, dois ou três tomem a palavra e os outros julguem. Se alguém que esteja sentado, recebe uma revelação, cale-se o primeiro. Vós todos podeis profetizar, mas cada um a seu turno, para que todos sejam instruídos e encorajados” (1 Cor 14, 13-31 ).
- Mas não podemos dissociar os carismas da caridade. Eles devem estar ligados à caridade, de outro modo não têm valor. Eis por que Paulo escreveu seu cântico à caridade enquanto ensinava sobre os carismas. É assim que na primeira carta aos Coríntios temos o seguinte esquema:
Capítulo 12: sobre os carismas.
Capítulo 13: cântico sobre a caridade.
Capítulo 14: outra vez sobre os carismas.
Deste modo Paulo não quer dizer que basta a caridade, e que os carismas não são necessários. Mas ele quer dizer que a corrente da caridade tudo anima. Os carismas são como os utensílios, preciso usá-los no amor.
3º) Os frutos do Espírito na comunidade
Os frutos do Espírito são para Paulo a prova, a manifestação da autenticidade da vida carismática. Podem existir carismas falsos, seja por estarem as pessoas na ilusão, seja porque pode haver charlatães espirituais ou pessoas histéricas. Por isso Paulo nos aconselha a “provar de tudo e reter o que é bom”. Jesus já havia avisado aos apóstolos que se precavessem: “Reconhece-se a árvore por seu fruto”.
Não podemos rever aqui todos os frutos do Espírito. Vamos aqui limitar-nos à leitura da passagem de Paulo aos Gálatas 5, 22-26: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio. Contra essas coisas não existe lei. Pois os que são de Cristo Jesus, crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito também sejamos conduzidos. Não sejamos cobiçosos de glória vã, provocando-nos uns aos outros e invejando-nos uns aos outros”.
Dentre estes frutos, retenhamos aqui o da alegria. Ela explode em cada página dos Atos dos Apóstolos. Esta alegria não é deste mundo, ela vem de Deus, é a alegria mesma que estava em Jesus. A sua alegria que ele nos prometeu: “Agora porém, vou para junto de ti e digo isto no mundo, a fim de que tenham em si minha plena alegria” (Jo 17, 13). Os que vivem no Espírito têm esta alegria, mesmo no meio de contradições e sofrimentos. Ao sair da prisão, após terem sido espancados estão alegres:
“Chamaram de novo os apóstolos e mandaram bater-lhes com varas e, depois de intimá-los a não falar no nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a eles, deixaram o Sinédrio, muito alegres de terem sido julgados dignos de sofrer ultrajes pelo Nome” (At 5, 40-41).
“Fê-los, então, subir à sua casa, pôs-lhes a mesa, e alegrou-se com todos os seus por ter crido em Deus” (At 16,34).
É a alegria “de anunciar a Palavra, é a alegria de recebê-la”. “Muito alegres por estas palavras, os gentios glorificavam a palavra do Senhor, e todos aqueles que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé. Assim, a palavra do Senhor difundia-se por toda a região. Mas os judeus instigaram algumas senhoras nobres e devotas, assim como os principais da cidade; suscitaram deste modo uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos de seu território. Estes, sacudindo contra eles a poeira dos pés, foram a Icônio. Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13, 48-52).
Ao ler estes textos percebemos que não se trata de uma emoção passageira e artificial, mas sim de um belo fruto que ilumina a vida toda.
4º) As reuniões da comunidade
a) Nas primeiras comunidades cristãs
Muito depressa os cristãos começaram a se reunir em casa de uns e outros. Que se passava então?
- Louvava-se e celebrava-se o Senhor de todo coração por cantos inspirados; por salmos.
“Falai uns aos outros com salmos e hinos e cânticos inspirados, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração, sempre e por tudo dando graças a Deus, o Pai, em nome de Jesus Cristo nosso Senhor” (Ef 5, 19-20).
- Proclamava-se a palavra de Deus, e as testemunhas relatavam nas reuniões o que Jesus havia dito, o que ele havia feito.
“A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda a sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos inspirados. E tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, por ele dando graças a Deus, O Pai” (Col 3, 16-17).
- Celebrava-se a ceia do Senhor. Isto dava às reuniões uma dimensão misteriosa, uma densidade que jamais alguém havia experimentado nas sinagogas. Seria aqui preciso reler a passagem de 1 Cor 11, 17-33, na qual Paulo fala dos abusos de certos cristãos durante as reuniões.
- Eles faziam as refeições na alegria.
Havia um calor humano e uma espontaneidade que se harmonizavam admiravelmente bem com as coisas espirituais e sagradas. “Dia após dia, unânimes, freqüentavam assiduamente o Templo e partiam O pão pelas casas, tomando o alimento com a alegria e simplicidade de coração” (At 2, 46).
b) A reunião de oração nos grupos da renovação
Nossas reuniões de oração são uma volta à espontaneidade destas liturgias iniciais.
Por toda parte nascem grupos de oração. Isto mostra com evidência uma necessidade de voltar à oração, ou ao menos de redescobrir uma oração mais espontânea e mais interior. Dentro desta floração desejaria situar o que é um grupo de oração da Renovação Carismática. Pois com efeito existem muitas reuniões que se parecem com este grupo de que estou falando, mas que são outra coisa. Por exemplo: grupos de meditação em comum, grupos para partilhar o Evangelho, grupos de revisão de vida etc… Além disso há um certo número de grupos de oração da Renovação que estão “em formação” mas ainda não estabelecidos: muitos tateiam ainda e teriam necessidade de um treino ou preparação baseada em uma doutrina certa e uma pastoral esclarecida.
Eis o que nos parecem ser as características de um grupo formado para esta maneira de orar. Uma coisa é evidente, mas nunca é demais enfatizar: é preciso que todo o grupo tenha entrado para a Renovação, isto é, que a maioria dos membros tenha feito a experiência da Renovação. Então compreendem-se e vivem-se as linhas de força que caracterizam uma reunião de oração da Renovação. Empregamos propositalmente a expressão “linhas de força” para mostrar claro que não se trata de uma oração esquematizada ou organizada seguindo tal ou qual modelo.
AS CINCO LINHAS DE FORÇA
1. Presença de Jesus
É antes de mais nada a tomada de consciência da presença de Jesus no meio do grupo: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles”. Digo tomada de consciência porque a cada reunião isto é lembrado, isto é “orado”. Cada vez nós nos situamos em uma atitude de fé viva na presença do Cristo vivo e ativo no meio do grupo. O Senhor está lá com seu poder e seu amor para curar, fortificar, reconfortar. Esta tomada de consciência é a chave da oração da renovação.
2. Abertura ao Espírito Santo
Ela só é possível porque o grupo se abre à ação do Espirito Santo. Esta é a segunda linha de força. Vamos à reunião para nos oferecer a uma ação mais penetrante do Espírito em nós. Esta ação é pedida várias vezes por uns e outros. Levamos a sério os apelos ao Espírito que se acham magnificamente expressos na liturgia. Não tenhamos medo de pedir os dons espirituais segundo o conselho de Paulo:
“A propósito dos dons do Espírito, irmãos, não quero que estejais na ignorância. Sabeis que, quando éreis gentios, éreis irresistivelmente arrastados para os ídolos mudos. Por isso, eu vos declaro que ninguém, falando com o Espírito de Deus, diz: “Anátema seja Jesus!” e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor” a não ser no Espírito Santo.
Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra da ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro a profecia; a outro o discernimento dos espíritos; a outro o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas, isso tudo, é o único e mesmo Espírito que o realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1 Cor 12, 1-11).
3. Oração de Louvor
Outra linha de força que anima a oração da Renovação é a ênfase dada ao louvor. Viemos antes de mais nada celebrar o Senhorio de Jesus Cristo, filho de Deus; viemos para adorar, louvar e agradecer a Deus nosso Pai. Nossa reunião deve ser uma sinfonia de louvor, como uma fonte que jorra sem cessar em múltiplos jatos d’água. “Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração” (Ef 5, 19).
4. Comunhão
É preciso que façamos também a experiência da comunhão em Jesus Cristo: “Tendo sido alimentados de seu corpo e de seu sangue, concedei-nos ser um só corpo e um só espírito no Cristo”. Esta unidade em Jesus e entre todos os presentes é assim vivida no plano existencial em cada reunião. Todos estando à escuta uns dos outros o Espírito se manifesta no grupo e em cada um dos seus membros, as divergências entre pessoas desaparecem para dar lugar ao amor fraterno, fruto do Espírito Santo. A solidão e o isolamento de tantos cristãos são vencidos e vem a alegria de sermos juntos o corpo e o sangue do Cristo. Paulo, falando dos dons espirituais, põe em evidência o que é a comunhão: “Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. Pois fomos todos batizados num só espirito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres; e todos bebemos de um só Espirito!”.
O corpo não se compõe de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Mão eu não sou, logo não pertenço ao corpo”, nem por isso deixará de fazer parte do corpo. E, se a orelha disser: “Olho eu não sou, logo não pertenço ao corpo”, nem por isso deixará de fazer parte do corpo. Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria olfato?
Mas Deus dispôs cada um dos membros do corpo, segundo a sua vontade. Se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo? Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo. Não pode o olho dizer à mão: “Não preciso de ti”; nem tampouco pode a cabeça dizer aos pés: “Não preciso de vós”.
Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos, são os mais necessários, e aqueles que parecem menos dignos de honra, são os que cercamos de maior honra, e nossos membros que são menos decentes, nós os tratamos com mais decência; os que são decentes, não precisam de tais cuidados. Mas Deus dispôs o corpo de modo a conceder maior honra ao que é menos nobre, afim de que não haja divisão no corpo, mas os membros tenham igual solicitude uns com os outros. Se um membro sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros compartilham a sua alegria.
Ora, vós sois o corpo de Cristo e membros, cada um por sua parte. E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, doutores… Vêm, a seguir, os dons dos milagres, das curas, da assistência, do governo e o de falar diversas línguas. Porventura, são todos apóstolos? Todos profetas? Todos doutores? Todos realizam milagres? Todos têm os dons das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? (1 Cor 12, 12-30).
5. Palavra de Deus
Há uma quinta linha de força que Paulo põe em evidência em Col 3, 16: “A Palavra de Cristo habite em vós ricamente”. A Palavra deve ser como o cenário: é o pão que alimenta a reunião. É a mensagem de Deus que é ouvida e recolhida em um coração e um espirito abertos à ação do Espirito:
“Mas o Paráclito, o Espirito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26). É desejável que venhamos às reuniões com o missal para que, escutando a palavra oferecida nossa meditação neste dia, estejamos em comunhão com toda a Igreja.
Para aqueles que começam, sugerimos o seguinte roteiro para “entrar na Palavra de Deus”. É preciso escolher um texto de certa densidade se a liturgia do dia não lhe traz inspiração.
Eis as etapas deste roteiro:
- Primeira etapa: o líder lê o texto muito lentamente. Esta primeira leitura é seguida de um silêncio – nem muito longo nem muito curto.
- Segunda etapa: outra pessoa do grupo relê o mesmo texto – também muito lentamente e também seguido por um silêncio. A Palavra de Deus penetra mais fundo.
- Terceira etapa: membros do grupo – segundo a inspiração de cada um – relêem a frase ou a palavra que os tocou, pela qual foram atingidos – ainda leitura textual. Desta vez a Palavra de Deus age ainda mais fundamente.
- Quarta etapa: um ou outro retoma palavras ou frases orando o texto, dizendo por exemplo: Jesus, dá-me uma alma de pobre, afasta todo o orgulho de meu espírito.
Depois deixa-se partir a oração, o louvor, a ação de graças… na espontaneidade e seguindo a inspiração de cada um.
OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES DE UMA REUNIÃO DE ORAÇÃO
- Lugar e valor do silêncio
Não se pode aqui dar regras precisas. Um grupo com um pouco de experiência nota quando é preciso calar-se. É preciso então “ouvir o silêncio”: fazer-se presente para Deus como ele está presente para nós. Durante este tempo a Palavra penetra em nosso coração e nos transforma. No início, o líder do grupo pedirá de vez em quando um momento de silêncio.
Será normalmente neste tempo de silêncio que palavras virão aos lábios para esclarecer e fortificar a assembléia. É aconselhável que de vez em quando o grupo faça uma avaliação de sua oração e neste momento se questione sobre o lugar e qualidade do silêncio.
- Sobre a importância do canto e dos instrumentos musicais
É preciso um esforço real para cantar com freqüência o melhor possível. Escolhamos sobretudo cantos de louvor, cânticos que dirijam a atenção, o olhar a Jesus, ao Pai, ao Espírito (leia-se o Salmo 150).
- O modo de nos colocarmos
Não é para ser negligenciado. Sempre em círculo, em volta de uma vela acesa que simboliza a presença de Jesus. Sendo muito numerosos, coloquemo-nos em círculos concêntricos.
- Orações em murmúrio
De início elas espantam; após algum tempo nos fazem consciência da presença do Espírito que nos faz murmurar pequenas expressões de louvor, de amor, de ação de graças sem prestarmos atenção aos outros. Estas orações nos fazem entrar em um tipo de movimento que finalmente nos carrega a todos.
- O canto, a oração em línguas
Muitos se inquietam por causa do dom de línguas. É nos menos curiosos que um dom de Deus provoca tal inquietude. Por este motivo é que devemos nos informar, como nos diz São Paulo em 1 Cor 12, 1: “A propósito dos dons do Espírito, irmãos, não quero que estejais na ignorância”.
O dom de línguas se manifesta de duas formas: pode ser ascendente – uma prece de louvor que se dirige a Deus nosso Pai através de uma linguagem preconceptual, segundo o que nos revela São Paulo aos Romanos (8,26): “Assim também o Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. ..”. Algumas vezes o nosso desejo de louvar o Senhor, de expressar-lhe nosso amor é tão forte que não encontramos mais palavras. É então que o Espírito faz uso deste meio de expressão muito livre e muito humano, utilizado tão graciosamente pela criança que ainda não aprendeu a falar. Este canto é de uma beleza sem par e nos leva sempre a um sentimento muito forte da presença de Deus que nos dá a sua Paz.
Há uma segunda manifestação do dom de línguas. São Paulo nos fala dela com precisão na primeira epístola aos Coríntios, no capítulo 14. Trata-se, desta vez, de uma mensagem do Senhor que é dada a uma das pessoas do grupo numa língua que ela própria não compreende. Uma outra pessoa do grupo recebe a interpretação desta mensagem e a diz numa língua que todos compreendem. Trata-se, pois, de um sinal que manifesta a ação do Espírito Santo. É necessário sem dúvida discerni-lo, pois pode acontecer que falsos carismas se misturem aos verdadeiros. Mas, desde que o Senhor nos fala desta maneira, é necessário acolher o dom que ele nos dá na ação de graças e jamais sufocar o Espírito.
- A espontaneidade e a liberdade
Como digo algumas vezes, nós somos um pouco como as aves congeladas. Precisamos de algum tempo para descongelar. Toda uma educação nos congelou em atitudes reservadas e polidas… já é tempo de reencontrar um pouco de liberdade e de espontaneidade nos grupos de oração. Se a juventude exprime a sua vitalidade pelo canto, pela dança, pelas guitarras, por que motivo esta mesma juventude estaria enregelada ao celebrar a alegria de Cristo ressuscitado? Não nos esqueçamos que somos corpo e alma e que a expressão gestual é bem própria da condição humana.
- Os testemunhos
É de grande proveito que se diga com simplicidade tudo de bom e belo que o Senhor nos dá, a maneira como ouve nossas orações, os sinais visíveis da ação do Espírito Santo. Tudo isso ajuda a comunidade, dando-lhe cada vez mais confiança na oração.
- Intenções da oração
Devem ser colocadas ao fim da reunião. De outro modo tomariam o lugar do louvor; elas vêm naturalmente, como fruto de uma comunidade que se deixou invadir pelo amor fraterno.
- As profecias
Não se trata de predizer o futuro mas sim de palavras que edificam a comunidade. Paulo dá um grande valor a estas palavras inspiradas: “Aquele que profetiza, fala aos homens: edifica, consola, exorta” {1 Cor 14, 3).
- O papel do lider
É evidentemente importante ter um líder que compreenda seu papel. É preciso orar afim de que a comunidade descubra aquele que deve assumir tal função. Não é requisito que seja sempre o mesmo.
Qual é o seu papel? Ele não vai conduzir uma reunião seguindo um esquema já preparado:
- deve velar para que as linhas de força já mencionadas estejam sempre presentes: a presença de Jesus, o apelo ao Espírito, a comunhão, o louvor, a palavra de Deus, o silêncio.
- é desejável que ele tenha preparada uma passagem da Escritura, escolhida de preferência na liturgia do dia ou do domingo. Poderá dar algumas orientações à oração a partir desta passagem, ou seguir o caminho indicado acima a partir da palavra de Deus na reunião.
- deve esforçar-se por manter um certo equilíbrio entre os elementos, mas com bastante flexibilidade, sem esquecer de sem cessar, reconduzir a comunidade ao louvor.
- no início ele intervém mais, porém progressivamente dá lugar ao Espírito e cuida que uns e outros estejam à escuta do Espírito que nos fala através dos irmãos e irmãs.
Para concluir, releiamos duas passagens de Paulo: “Enchei-vos do Espírito. Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração, sempre e por tudo dando graças a Deus, o Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5, 18-20).
“A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos inspirados. E tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, por ele dando graças a Deus, o Pai” (Col 3, 16-17).
Tudo isso se faz progressivamente; não se deve forçar nada, mas abrir-se à ação do Espírito na fé e na generosidade. O Reino dos céus é como um grão de mostarda… é preciso ser paciente, não se desencorajar. Um último conselho: conservemos o senso de humor, não nos tomemos muito a sério, sabendo às vezes rir de nós mesmos; assim tudo será marcado com o selo do bom senso cristão. Então o grupo de oração será um tempo forte que a cada vez nos dá “um coração novo, um espírito novo”.
- A Eucaristia
Quando um padre está presente à reunião de oração, será aconselhável terminá-la pela celebração da Eucaristia. Para permanecer dentro da perspectiva das reuniões das primeiras comunidades cristãs é preciso jamais perder de vista o vínculo entre a Eucaristia e a reunião de oração. Esta última é como uma liturgia da Palavra num modo livre e espontâneo. É uma conclusão normal que ela seja seguida da Eucaristia.
Não esqueçamos que a Comunidade Cristã é “essencialmente” uma Comunidade Eucarística.
- Após a reunião
Ela termina de um modo bem livre. Alguns tomam uma xícara de café (não organizem uma refeição), outros podem desejar continuar a orar em pequenos grupos porque alguém pede que se ore por ele, pedindo uma efusão particular do Espírito por uma necessidade particular.
- O Padre e a reunião de oração
Normalmente não deve ser ele o líder; às vezes ele tem este papel no início, mas depois deixa este lugar a outros.
- Ele está lá ao mesmo tempo como todos os outros cristãos e como a presença da Igreja para “discernir”, se for necessário, e jamais para extinguir o Espírito.
- Seu papel é, portanto, discreto; ele deixa o Espírito Santo agir e se qualquer coisa lhe parece anormal, que fale com o líder depois da reunião.
5º) O crescimento da comunidade: O testemunho
A comunidade como tal e cada membro eram missionários. Depois de terem recebido a boa nova de Jesus, a efusão do Espírito, não podiam deixar de partilhá-la com os outros.
Ser testemunha de Jesus Cristo era manifestar visivelmente que se recebera o Espírito. Jesus o disse pouco antes de partir: “Mas o Espírito descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os confins da Terra” (At l’ 8).
Havia dois tipos de testemunho:
O dos membros: Cada um testemunhava ao sabor de seus encontros diários no mercado, em família, à saída do templo. Testemunho por palavras, mas sobretudo por uma espécie de transparência, de irradiação que era como o sinal da presença e da força de Jesus Cristo. Lembremos a encantadora história de Felipe que corre atrás do carro do etíope (At 8, 26-40).
Nada os segurava: nem ironias, nem prisões, nem perseguições (At 5, 17-21).
O da comunidade: A comunidade era como uma demonstração, uma carta escrita que manifestava a presença de Jesus, a veracidade de sua mensagem, a ação visível do Espírito Santo.
Aqui é preciso ler e reler os Atos. Quanto mais meditamos sobre eles, mais tomamos consciência de que para construir o Reino é preciso entregarmo-nos à ação do Espírito Santo. Não foi com ouro nem prata, com métodos e novidades que eles atraíram os incrédulos, mas tornando-se uma comunidade, uma comunhão que era o sinal visível do Amor.
Os grupos de oração que evoluem bem tornam-se comunidades, cada uma segundo o seu chamamento. Mas não podem fechar-se sobre si mesmos; à imagem das primeiras comunidades cristãs devem ser missionários. Se não partilhamos os dons de Deus nós os perdemos.
“Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas” (At 1, 8).
Esforcemo-nos por tomar consciência de que somos o corpo de Cristo .
Fonte: Cancaonova.com

LITURGIA DA PALAVRA!

O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a segunda mais importante, ficando atrás somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda celebração. Inciamos esta parte sentados, numa posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece... Fixo mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas ou João. Em algumas celebrações, temos apenas duas leituras (durante a semana), noutras chegamos a ter onze leituras (vigília pascal)!! Analisemos melhor o Rito da Palavra:
  1. COMENTÁRIO À PRIMEIRA LEITURA O comentário à primeira leitura tem como objetivo fazer uma breve introdução ao texto bíblico que será lido a seguir pelo leitor. Chama a atenção para algum ponto que será abordado na leitura. O comentário, como é possível de se deduzir, é feito pelo mesmo comentarista que deu início à celebração.
  2. PRIMEIRA LEITURA Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento. Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir. A importância de lermos o Antigo Testamento - que muitos declaram estar definitivamente suplantado pelo Novo Testamento -, como afirma o pe. Luiz Cechinatto, em sua obra "A Missa Parte por Parte", está no fato de que "precisamos conhecê-lo para entender a história de nossa Salvação e vermos o longo caminho andado até a chegada do Messias. Aquele passado distante faz parte do processo amoroso de Deus, que quis caminhar conosco falando a nossa linguagem". O leitor, então, começa a ler o texto e, ao concluir, diz: "Palavra do Senhor" e a comunidade responde com fé: "Graças a Deus!. O leitor deve ler o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do início da missa, principalmente pessoas que não têm o costume de freqüentar aquela comunidade. Quando isso acontece e o "leitor", na hora da leitura, começa a gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser: "Palavra do Senhor", a resposta da comunidade, "Graças a Deus", não se referirá aos frutos rendidos pela leitura mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe! Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja formada, também, por leitores "profissionais", ou seja, especial e previamente selecionados.
  3. SALMO RESPONSORIAL / CANTO DE MEDITAÇÃO O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo... Por isso uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige uma certa criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original. Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente - como já dissemos - recitado (perdendo mais ainda sua beleza) ou substituído pelo chamado Canto de Meditação. O Canto de Meditação, como o próprio nome já diz, tem como função ajudar a comunidade rezar e meditar sobre a Palavra de Deus que está sendo lida. Esse tipo de substituição é válido quando a mensagem desse canto tem ligação com o "tema" da missa, fato que é difícil de acontecer se comparado com a diversidade de temas proporcionado pelos Salmos. Seja usando o Salmo cantado ou recitado, ou, ao invés, o Canto de Meditação, deve toda a Assembléia cantar ou repetir o refrão.
  4. COMENTÁRIO À SEGUNDA LEITURA Tem o mesmo objetivo da primeira leitura, só que fazendo menção ao texto que será lido em seguida, isto é, na segunda leitura.
  5. SEGUNDA LEITURA Da mesma forma como a primeira leitura tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a segunda leitura tem como característica extrair textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo. Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs. A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor exclamando: "Palavra do Senhor!" e a comunidade respondendo com: "Graças a Deus!".
  6. COMENTÁRIO AO EVANGELHO Assim como os anteriores, este comentário chama à atenção para algum ensinamento de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
  7. CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO Feito o comentário ao Evangelho, o cantor convida a assembléia a se por de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que significa "louvai o Senhor". Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos. Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação. Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a palavra "Aleluia" não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho. Durante sua execução, a Bíblia pode ser trazida até o sacerdote, em procissão, representando a chegada do próprio Senhor...
  8. O SINAL DA CRUZ Recebida a Bíblia (quando for o caso) e concluído o Canto de Aclamação ao Evangelho, o sacerdote se inclina diante do altar e reza em voz baixa: "Ó Deus todo-poderoso, purificai-me o coração e os lábios, para que eu anuncie dignamente o vosso Santo Evangelho." Se, ao invés do sacerdote, for o diácono quem irá proclamar o Evangelho, deverá ele se dirigir até a frente do sacerdote e, inclinado, pedir-lhe em voz baixa:
    • Diácono: "Peço a sua bênção."
    • Sacerdote: "O Senhor esteja em teu coração e em teus lábios, para que possas anunciar dignamente o seu Evangelho. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo."
    • Diácono: "Amém."
    Depois disso, entrará (o sacerdote ou o diácono) em diálogo com a comunidade, dizendo:
    • Sacerd/Diác: "O Senhor esteja convosco!"
    • Assembléia: "Ele está no meio de nós!"
    • Sacerd/Diác: "Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo (nome do evangelista).
    • Assembléia: "Glória a vós, Senhor!"
    Então, o sacerdote ou diácono faz o sinal da cruz sobre a Bíblia e também sobre a testa, sobre a boca e sobre o peito (neste caso, rezando em silêncio: "Pelo sinal da Santa Cruz, livre-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos"); e cada fiel persigna o sinal da cruz amplo sobre si mesmo.
  9. EVANGELHO Antes de iniciar a leitura do Evangelho, se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono (depende de quem for ler o texto), incensará a Bíblia e, logo a seguir, iniciará a leitura do texto. O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou substitui-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico. Ao encerrar a leitura do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a expressão: "Palavra da Salvação!" e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: "Glória a vós, Senhor!". Neste momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio: "Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados") e todo o povo pode voltar a se sentar.
  10. HOMILIA (SERMÃO) A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a esse episódio. Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja. A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos dar ouvidos aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: "Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita" (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote. A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável, mas não obrigatória.
  11. PROFISSÃO DE FÉ (CREDO) Encerrada a homilia, todos ficam de pé para recitar ou cantar o Credo. Este nada mais é do que um resumo da fé católica, que nos distingüe das demais religiões. É como que um juramento público, como nos lembra o pe. Luiz Cechinatto. Da mesma forma que o Hino de Louvor, caso o Credo seja recitado, poderá ser adotado dois coros, para expressar uma maior beleza. Embora existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja. Eis o texto desses símbolos:
    1. Símbolo dos Apóstolos: Creio em Deus Pai todo-poderoso,
      criador do céu e da terra.
      E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
      que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
      nasceu da Virgem Maria;
      padeceu sob Pôncio Pilatos;
      foi crucificado, morto e sepultado.
      Desceu à mansão dos mortos;
      ressuscitou ao terceiro dia;
      subiu as céus;
      está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
      donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
      Creio no Espírito Santo;
      na Santa Igreja católica;
      na comunhão dos santos;
      na remissão dos pecados;
      na ressurreição da carne;
      na vida eterna.
      Amém.
    2. Símbolo Niceno-Constantinopolitano Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
      criador do céu e da terra,
      e de todas as coisas visíveis e invisíveis.
      Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
      Filho Unigênito de Deus,
      nascido do Pai antes de todos os séculos:
      Deus de Deus, luz da luz,
      Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
      gerado, não criado,
      consubstancial ao Pai.
      Por ele todas as coisas foram feitas.
      E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus
      e se encarnou pelo Espírito Santo,
      no seio da Virgem Maria,
      e se fez homem.
      Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
      padeceu e foi sepultado.
      Ressuscitou ao terceiro dia,
      conforme as Escrituras
      e subiu aos céus,
      onde está sentado à direita do Pai.
      E de novo há de vir, em sua glória,
      para julgar os vivos e os mortos;
      e o seu reino não terá fim.
      Creio no Espírito Santo,
      Senhor que dá a vida,
      e procede do Pai e do Filho;
      e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado:
      Ele que falou pelos profetas.
      Creio na Igreja,
      una, santa, católica e apostólica.
      Professo um só batismo
      para a remissão dos pecados.
      E espero a ressurreição dos mortos
      e a vida do mundo que há de vir.
      Amém.

  12. ORAÇÃO DA COMUNIDADE A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra. Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os homens. Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:
    • As necessidades da Igreja.
    • As autoridades públicas.
    • Os doentes, abandonados e desempregados.
    • A paz e a salvação do munto inteiro.
    Além destas, deve a assembléia apresentar outras de caráter local, específicas da comunidade. A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade é feita pelo sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem ser feitas pelo comentarista ou, melhor ainda, pelos próprios fiéis. Cada prece deve terminar com a expressão: "Rezemos ao Senhor!", para que a comunidade possa responder com: "Senhor, escutai a nossa prece!" ou "Ouvi-nos, Senhor!" Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo: "Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso.", a assembléia encerra com um: "Amém!". Termina, então, a segunda parte da missa e inicia-se a terceira parte: o Rito Sacramental.


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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Beatos João Paulo II e João XXIII, Rogai por nós!

 A nossa Comunidade Católica dos Filhos de Maria Puríssima aguarda com muita alegria a canonização dos Beatos João Paulo II e João XXIII.
No dia 27/04, dia da canonização, uma Paraliturgia será rezada em ação de graças a Deus pela canonização dos dois Beatos e em louvor a Divina Misericórdia.

Oração em "Linguas"

"... falarão novas línguas" (Mc 16,17).

"... o Espírito Santo que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, também a educa para a vida de oração, suscitando expressões que se renovam no âmbito de formas permanentes, benção, petição, intercessão, ação de graças e louvor" (do Catecismo da Igreja Católica).

Sendo o dom das línguas o mais comum de todos os carismas, não deixa talvez de ser também o mais estranho.

O dom das línguas ou glossologia é, antes do mais, uma oração que se faz a Deus. Trata-se de uma oração feita em língua desconhecida, nunca estudada e nunca ouvida. Quem a profere, empregando sons dos quais não compreende o sentido, sente-se envolvido por um misterioso sentimento de alegria e paz.

A oração em línguas integra sempre a oração comunitária, onde brota com naturalidade e se traduz numa força poderosa. Faz também parte da oração pessoal, quando as palavras nos faltam, a fraqueza nos invade e se apodera de nós uma sensação de desânimo, impedindo a nossa concentração. Rezar em línguas abre o caminho para uma oração mais profunda, para um contato mais imediato com Deus.

Jean Lafrance diz que a oração brota do mais profundo do nosso ser como um "grito", e diz também que "Jesus revela-nos o verdadeiro objetivo da nossa oração, que é a efusão do Espírito Santo no coração de cada um". Como diz S. Paulo na 1ª Carta aos Coríntios 14,2 "aquele que fala em línguas, não fala aos homens mas a Deus: ninguém de fato entende pois no Espírito diz coisas misteriosas", e acrescenta em 14,4 "quem fala em línguas edifica-se a si mesmo".

O Cardeal Suenens dá testemunho da dimensão espiritual da oração em línguas, quando afirma: "este modo de rezar é uma forma de desprendimento de si, de desbloqueio e de libertação interior diante de Deus e dos outros. Se no ponto de partida da experiência se aceita este ato de humildade, (...) experimenta-se a alegria de descobrir um modo de rezar para além das palavras e para além de todo o cerebralismo. Este modo de rezar é criador de paz e expansão".

Na 1ª Carta aos Coríntios 14,15 S. Paulo diz: "Rezarei com o Espírito, mas rezarei também com a inteligência, cantarei com o Espírito, mas cantarei também com a inteligência". Santo Agostinho chama ao cântico em línguas o cântico no júbilo e explica que o júbilo é uma alegria que não pode expressar por palavras o que se canta com o coração.

A voz humana expressa o que é concebido interiormente e não pode ser explicado por palavras. "A voz da alma extravasa felicidade expressando o que sente sem refletir em nenhuma significação especial. Para manifestar esta alegria o homem não usa palavras que podem ser pronunciadas ou entendidas, mas simplesmente deixa que a sua alegria irrompa sem palavras".

A oração em línguas é apropriada em qualquer circunstância, porque sabemos que é o Espírito que inspira as intenções e as palavras. Como oração de louvor é o meio mais fácil para glorificar a Jesus e ao Pai. Como oração de súplica e intercessão e combate às tentações, é forte e poderosa porque as palavras chegam a Deus mediante o poder do Espírito.

Quem não se sentiu tocado quando num grupo de oração carismático, espontânea e imperceptivelmente se começa a rezar em línguas, sem que alguém tenha transmitido qualquer ordem ou sinal nesse sentido? Do mesmo modo, quando ao terminar se seguem alguns instantes de silêncio, quem não sentiu ali a presença de Deus, viva e real que nos une amorosamente?

Lurdes Azinheiro
Isabel Soares de Almeida
Grupo Pneumavita, Lisboa

O texto abaixo é uma reflexão minha, responsável pelo site A crisma.

Observação: É importante salientar que o dom de rezar em línguas é um dom pessoal, que deve ser usado com muita descrição e para um encontro de si mesmo e com Deus. Vejamos o que São Paulo nos diz:

“1 Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais, mas sobretudo ao de profecia.
2 Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito.
3 Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-los.
4 Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo; mas o que profetiza, edifica a assembléia.”

1Cor 14,1 - 4.

Anderson Roberto

O dom de interpretação das línguas

 

Interpretar é diferente, é descobrir o sentido do que está sendo dito
No dom de línguas se apresentam o “orar em línguas” e o “falar em línguas”. O orar em línguas é pessoal e voltado para Deus. Só o Senhor entende essa oração e, em geral, ela não é interpretada. Já o falar em línguas é uma mensagem para as pessoas que estão reunidas em oração, e só tem finalidade se dela resultar uma interpretação. “Por isso, quem fala em línguas, peça na oração o dom de interpretação, diz São Paulo (1 Cor 14,13).

O falar em línguas é uma espécie de profecia. Dessa forma, é Deus quem fala ao seu povo. Fala porque quer que seus filhos o compreendam. Então, ao mesmo tempo que Deus suscita a profecia ou o falar em línguas, concede também, a alguém ali presente, o dom de a interpretar. Pode ser que Deus conceda o dom da interpretação à mesma pessoa que trouxe a mensagem em línguas. Pode ser também que o Senhor dê a mensagem em línguas a uma pessoa e a interpretação a outra. Mas a instrução é clara: "Se não houver intérprete, fiquem calados na reunião, e falem consigo mesmos e com Deus" (1 Cor 14,28).

Podemos perceber que não se trata de tradução, mas de interpretação. Ninguém é capaz de traduzir o falar em línguas, mas é possível interpretá-lo. A interpretação é um dom e uma arte que podemos encontrar nas comunidades carismáticas que Deus tem suscitado.

Na tradução, pegamos palavra por palavra e encontramos a correspondência em outra língua. Quando digo que a palavra “janela” corresponde a “window” em inglês e “fenêtre” em francês, estou traduzindo.

Interpretar é diferente, é descobrir o sentido do que está sendo dito. No caso do dom de línguas, é reproduzir o pensamento de Deus, tornar claro o sentido da mensagem que Ele enviou. Estamos falando de uma mensagem que Deus dirige àquela comunidade de pessoas reunidas, ou a uma única pessoa. Normalmente acontece assim: Após um momento intenso de oração, em geral, depois de um bom tempo de oração em línguas, faz-se um profundo silêncio, cheio de adoração e expectativa para escutar o Senhor. Todos estão em silencio... de repente, uma única pessoa em todo o grupo começa a falar em línguas. Todos a escutam. Quando ela termina, todos devem permanecer em silêncio até que uma outra pessoa comece a falar aquela mesma mensagem na língua que todos entendem, no nosso caso, a língua portuguesa.

Quem recebe o dom de interpretação percebe qua as palavras vêm a sua mente uma a uma. Nessa hora, podemos sentir como se os pensamentos sumissem e apenas aquela palavra o ocupasse. A palavra seguinte só surge em nossa mente depois que proclamamos a anterior. À medida que vamos falando, a próxima palavra surge. Exercer esse dom exige muita fé e coragem, pois, quando a pessoa abre a boca para trazer a interpretação, na verdade, ela dispõe de apenas uma única palavra. Só depois as outras vão se juntando a ela e formando a frase, a idéia, a mensagem.

A pessoa que recebeu o dom da interpretação deve trazer a mensagem na primeira pessoa, em nome do Senhor. Ela deve proclamar essa palavra dizendo: "Eis o que o Senhor" ou "O Senhor fala", e logo em seguida falar na primeira pessoa a mensagem que recebeu em seu coração, como o próprio Deus falando. O Senhor nos concede o seu dom para que proclamemos a mensagem em seu nome e não para que expliquemos às pessoas o que Ele nos falou.

Deus abençoe você!
Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, formado em teologia, autor dos livros "Quando só Deus é a resposta" e "Vencendo aflições, alcançando milagres".
24/08/2007 - 00h00

Canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, programa dos eventos na Diocese de Roma

2014-04-24 Rádio Vaticana
A partir do dia 25 de Abril estão programados encontros de oração e reflexão em preparação para a celebração que será presidida pelo Papa Francisco no Domingo 27 de Abril às 10h, na Praça de São Pedro.

No Sábado 26 de Abril, na véspera da celebração para a canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, a diocese de Roma promove uma noite em branco de oração em algumas igrejas do centro histórico, onde será possível rezar em diferentes línguas e confessar-se. Vai se começar às 19h na igreja de Santa Maria no Montesanto (Igreja dos Artistas), na Piazza del Popolo, com animação litúrgica em italiano. A partir das 21h os outros locais de culto interessados serão: Santa Inês em Agone (Piazza Navona), com animação em polaco; São Marcos (Pra do Capitólio), com animação em Italiano e Inglês; Santa Anastácia (na praça do mesmo nome), com animação em Português; Santíssimo Nome de Jesus (Praça Argentina), com animação em italiano e espanhol; Santa Maria em Vallicella e São João Baptista dos Florentinos, com animação em italiana; Sant'Andrea della Valle, com a animação em francês, São Bartolomeu (Ilha Tiberina), com animação em italiano e árabe; Santo Inácio de Loyola, Igreja das Santas Estigmas, Santos Doze Apóstolos, Sagrado Coração de Jesus e Santa Maria de Montesanto, com animação em língua italiana. Nestas igrejas a oração será organizada seguindo um dos três esquemas elaborados para esta ocasião pelo secretariado litúrgico do Vicariato.

Sempre no sábado 26, a partir das 17h, terá lugar uma vigília de oração também na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Iniciará com a oração das Vésperas seguida pela Missa pré-festiva do Domingo in albis (II depois da Páscoa, também chamado da Misericórdia). Se continuará com a exposição do Santíssimo Sacramento, e às 20h30, com a recitação das Completas.
Em contrapartida, será a Basílica de São João de Latrão, a catedral de Roma, a acolher o evento litúrgico para os fiéis de Bergamo, às 18 horas.
Os encontros de oração em preparação para as canonizações de Domingo 27 de Abril terão início já na sexta-feira 25 e neles estarão envolvidos os jovens da diocese de Roma, e não só, com duas iniciativas promovidas respectivamente pelo Secretariado para a pastoral universitária e o Serviço diocesano para a pastoral juvenil do Vicariato de Roma.

Tenha Confiança!



 
Tony Allysson
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O mundo tenta, a todo custo, afastar-nos da graça de Deus. Por isso a Bíblia nos pede para vigiar e estar atento constantemente, pois se não for assim, não estaremos preparados para receber o Senhor.

Estamos num tempo, no qual todos falam de fé, mas são poucos aqueles que realmente a vivem. A mesma fé que fez o salmista dizer: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”. Imagine o tamanho da confiança e da esperança que este homem tinha em Deus para dizer algo assim.

Quando o salmista chama Deus de Pastor, ele está entendendo que, independente do que aconteça em sua vida, o Senhor estará a seu favor. É isso que um pastor faz pelo seu rebanho, zela e cuida, mesmo que precise se arriscar por uma de suas ovelhas.

A confiança em Deus vem pelo conhecimento. Se não conhecemos a Palavra de Deus e aquilo que Ele nos fala, não há como confiar, de verdade, no Senhor.

São Tomás de Aquino irá nos dizer que "não é possível viver uma confiança em Deus sem a fé, pois sua raiz é a própria confiança”. É como uma árvore que, por mais que esteja velha, permanece em pé, pois suas raízes são fortes. Assim precisa ser com você, não importa há quanto tempo você viveu sua experiência de primeiro amor com Deus, desde que sua fé n'Ele seja firme e sólida.

Muitas pessoas acham que a esperança é um milagre, a prosperidade, os bens materiais, porém, a verdadeira esperança tem apenas um nome: Jesus.

Quando não temos nosso coração no lugar certo, esperamos por coisas que não acontecem da forma que queríamos, e o resultado de tudo isso é a frustração. Infelizmente, a tendência natural é culparmos Deus pelos nossos fracassos, blasfemando contra Ele.

Jesus nunca vira as costas para nossos sofrimentos. Mesmo quando tudo parece perdido, Deus está gestando nossas intenções no Seu coração, esperando a hora certa de nos conceder as graças que clamamos.

O segredo para que você experimente o milagre na sua vida está na sua própria fé, porque, mesmo quando ninguém mais acredita na sua cura, Jesus acredita. Exatamente por isso a única coisa que Deus pede a você é que acredite e confie no Seu amor.

No início da Renovação Carismática Católica (RCC), víamos muitas senhoras com os joelhos calejados por adorar horas e horas diante do Santíssimo Sacramento. Naquela época, quando as coisas ficavam difíceis, fazíamos um Cerco de Jericó pelas muralhas que queríamos derrubar.
"É preciso conhecer a Palavra para aumentarmos nossa fé", ensina Tony Allysson
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O diabo tenta nos fazer acreditar que tudo pode nos ser dado por um passe de mágica, sem sacrifício. No entanto, o verdadeiro católico sabe que não é assim, que na cruz existe muita alegria e uma vida eterna, porém também é onde acontecem as renúncias.

A maior arma de satanás se chama medo, porque é este sentimento que paralisa nossa fé. Quando estamos paralisados, permanecemos no mesmo lugar, e ao estar na mesma estrada de Jesus, permanecer no mesmo lugar é a mesma coisa que caminhar para trás.

O que mais existe, na Igreja, são pessoas que já estão na graça de Deus, mas, mesmo assim, ainda não confiam firmemente no Pai. Quando você libera uma oração de desespero e de não confiança, você ofende a Deus. É impossível agradá-Lo sem fé; então, peça, neste dia, a graça da perseverança e a ousadia que é própria dos santos, pois o Senhor quer, junto de você, derrubar todas as muralhas que o impedem de ser um cristão mais santo.

Transcrição e adaptação: Gustavo Souza


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Tony Allysson
Cantor Católico e membro de Aliança da Comunidade Geração de Milagres


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Estou a esperar.../ Tony Allysson

ESTOU A ESPERAR UMA PORÇÃO MAIOR

ESTOU A ESPERAR UMA UNÇÃO MAIOR

PRECISO DE TI, ESPÍRITO DE DEUS

PRECISO DE TI, ESPÍRITO DE DEUS

EU QUERO VER O TEU PODER

AGINDO AQUI

EU QUERO O VER O TEU PODER

AGINDO EM MIM

PRECISO DE TI (3X)

EU QUERO VER O TEU PODER

AGINDO AQUI

EU QUERO O VER O TEU PODER

AGINDO EM MIM

ESPÍRITO DE DEUS, EU QUERO

EU QUERO MUITO MAIS

VEM, VEM, VEM

EU QUERO ME LANÇAR, EU QUERO MERGULHAR

SOPRA SOBRE NÓS A TUA UNÇÃO

EU QUERO MAIS DE TI.

ESTOU A ESPERAR.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Repouso no Espírito Santo (parte 2)


espirito-santo-imagem“Toda aquela gente ali deitada…”
A visão externa
O repouso no Espírito parece ser uma das maneiras através da qual Deus nos leva a uma posição, ou estabelece uma dinâmica, que nos permite receber cura. Pe. John Hampsch descreve alguns métodos de cura por meio dos quais o repouso no Espírito pode ocorrer:
“A cura pode ser comunicada exclusivamente através da imposição de mãos; pela aspersão de água benta, estendendo-se as mãos sobre o grupo; pela bênção dos doentes, com ou sem a bênção do Santíssimo Sacramento. A cura é ministrada de diversos modos.
Pode-se simplesmente pedir que o grupo todo imponha as mãos sobre os ombros e a cabeça da pessoa por quem se deseja orar, ou pode-se receber a oração como membro do grupo, permanecendo-se em círculo, de mãos dadas.
O repouso no Espírito pode acontecer em qualquer desses contextos. Geralmente, ocorre com a imposição de mãos e/ou com unção.”
O ambiente
“Eu estava sozinha, fazendo meu repouso diário, durante um retiro. Por 15 ou 30 minutos experimentei uma presença tão forte do Senhor (eletricidade, vibrações, paz), que senti que precisava ficar imóvel. Pensei que, provavelmente, não seria mesmo capaz de me mexer” (bibliotecária).
“Repouso frequentemente no Espírito em pequenas reuniões de grupo em casas de família. O Senhor realiza profundas curas nessas ocasiões…” (esposa e mãe).
“A maior parte de minhas experiências de repouso no Espírito tem sido em grandes reuniões de 200 a 1.000 pessoas; contudo, quando estou repousando no chão, fico sozinha com Jesus. Ele fala comigo e me permite sentir o Seu amor como se eu fosse a única pessoa na sala” (empresária).
A posição
“Eu estava de pé com um grupo, orando para que uma pessoa recebesse o batismo, quando ouvi o líder dizer: ‘Segure, ele está caindo’.
Pensei que estivesse falando de outra pessoa, até que me vi no chão…” (engenheiro civil).
“Repousei no Espírito muitas vezes mesmo estando sentada…” (irmã beneditina).
“Uma amiga orou por mim quando eu estava deitada, e repousei no Espírito profundamente durante 30 minutos” (professora).
O instrumento
“Pe. DeGrandis perguntou se eu queria ser batizado no Espírito Santo. Quando disse ‘sim’, ele me tocou suavemente e caí no chão” (gerente de processamento de dados) .
“Há ocasiões em que parece quase impossível permanecer de pé, ainda que ninguém o esteja tocando ou fazendo imposição de mãos.” (dona de casa).
Sensação durante a queda
“Senti-me sem peso, como um astronauta…” (balconista).” …como uma folha ao vento, voando para o chão…” (mãe).
“Senti como se alguma coisa pesada estivesse caindo sobre mim…” (Gerente de processamento de dados).
Mudança das sensações físicas durante o repouso no chão
Nos testemunhos que recebi, parece haver, frequentemente, uma ‘anestesia’ suave e parcial dos sentidos, que possibilita uma mudança do foco de atenção do exterior para o interior. Quando esta mudança acontece, o mundo espiritual parece emergir de modo poderoso.
Expressão física
Tranquila, agitada, sorridente, chorosa.
Tempo de permanência no chão
O tempo pode variar de minuto a horas, dependendo, provavelmente, da profundidade e extensão da cura interior que está sendo realizada.
“Em minha experiência, o repouso foi algumas vezes breve e em outras, mais prolongado. Senti o Espírito vir suave e rapidamente, com intensidades diferentes” (secretária).
“Vi toda aquela gente ali deitada, e me perguntei o que será que Deus estaria fazendo…” (professora) .

“Ele cuida, ampara, embala…”
A visão interna
Em Ministério de cura para leigos, afirmo que o Senhor nos fala frequentemente em níveis profundos enquanto repousamos no Espírito:
“Muita gente tem tido a experiência de obter uma visão retrospectiva de toda a sua vida… e, segundo creio, quando isso acontece num clima de oração é porque a cura interior está ocorrendo…”
Os 200 entrevistados de nossa pesquisa comunicaram grande variedade de modos com que o Senhor tocou seus corações.
A agitação geralmente sugere que profundas feridas emocionais foram tocadas ou que as influências negativas foram substituídas pela presença de Jesus.
“Sabes quando me deito…”
Algumas áreas controversas
Alguns líderes da Renovação têm a preocupação de que o repouso no Espírito não seja ativado pelo Espírito Santo, mas que, pelo contrário, seja um fenômeno misto.
O autor de um artigo na revista New Covenant comenta:
“…Outros têm algumas reservas sobre este fenômeno. Veem a experiência como algo muito semelhante aos estados de hipnose e de autossugestão que não estão, necessariamente, relacionados com o Espírito Santo. Eles questionam seriamente a base escriturística do fenômeno e têm graves reservas sobre a sabedoria pastoral de encorajá-lo”.
O Cardeal Suenens, em a controversial  phenomenon, resting in the Spirit, conclui que a tendência a cair pode estar relacionada mais à dinâmica psicológica do que à moção do Espírito Santo, e por este motivo, publicou uma advertência.
Inclino-me a acreditar que a maior da parte dos repousos são uma experiência de Jesus.
Pe. Richard Bain, de San Francisco, afirma:
“Pode ser verdade que a maior parte do repouso no Espírito seja causado pela dinâmica psicológica. Talvez muitas pessoas simplesmente queiram cair. Não acredito que isto deva causar preocupação, pois uma vez no chão, poderão se tornar abertas ao toque de Deus. Para mim, a questão não é por que caem, mas o que acontece quando estão deitadas.
A Igreja não é Deus, os sacramentos não são Deus. O rosário não é Deus. Mas cada um deles estabelece a dinâmica que nos ajuda a encontrar Deus. Acredito que o repouso no Espírito também possa nos ajudar a encontrar Deus. Todas as pessoas com quem tenho conversado encontraram nele uma experiência muito positiva.
Minha primeira experiência do repouso, com Pe. Dennis Kelleher, de Nova lorque, abriu as portas para o meu ministério de cura.”
Há, provavelmente, um misto entre a dinâmica psicológica e a espiritual no repouso no Espírito, devido à interrelação de corpo, mente e espírito.
Pe. George Maloney, no artigo How to understand and evaluate the ‘charismatics’ newest experience: Slaying in the Spirit, afirma: “O fenômeno da ‘morte no Espírito’ não deve ser julgado por um critério de e/ou: se é ‘natural’ ou ‘sobrenatural’, induzido somente pela natureza psíquica do homem, ou uma demonstração cabal do poder do Espírito Santo entre os homens…”.
Outro aspecto comum de controvérsia está relacionado com o repouso “espontâneo” versus o repouso “induzido, cooperativo ou ministrado”. O repouso “espontâneo” não é, na verdade, problema para muita gente. A área de conflito está naquilo que é aceitável em termos de encorajamento para que as pessoas se abram à experiência do repouso, isto é, o repouso “induzido, cooperativo ou ministrado”.
O conflito emerge quando a dinâmica psicológica está envolvida no processo do repouso. Acredito que ajudar as pessoas a chegarem a uma condição de entrega a Deus é uma ação positiva e construtiva. Deste modo, a questão a ser levantada é: “Para quem elas estão entregando seus corações? Qual é a intenção delas? Pedro tomou a iniciativa pessoal de andar sobre as águas (Mt 14,29) e, então, o Senhor o conduziu.
O Senhor diz: ” Ah! todos vós que tendes sede, vinde…” (Is 55,1).
Ele diz: “Vinde… e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Esta “vinda” inicial é um ato natural em resposta ao Seu chamado. Ele está sempre nos chamando à entrega, e então, quando o fazemos, Ele nos conduz para o domínio espiritual. No dom de línguas, abrimos a boca para que Ele nos dê a palavra espiritual. Ele também nos diz que devemos suscitar os dons. No estágio inicial, esta ação é natural.
Fazemos uma escolha interna para passar de uma ação no campo natural para uma ação no campo espiritual. Quando nos decidimos pela entrega confiante, estamos dizendo: “Conduze-me, Senhor, à Tua Morada”. Ele honra a nossa escolha. Ao longo desses anos, tenho me sentido à vontade quando oro com as pessoas e incentivo-as a se abrirem e se entregarem ao Espírito Santo.
Há alguns princípios nesta área que, acredito, poderão ser úteis:
1. Muitos católicos têm medo da experiência religiosa exterior, classificando-a imediatamente de “emocionalismo”. Alguns observadores têm dito que precisamos de emoção na fé para dar equilíbrio à dimensão intelectual. Santo Agostinho diz: “A fé em busca do entendimento”. Precisamos abrir nossos corações ao amor e ao poder de Deus.
2. A maior parte das pessoas não consegue soltar o corpo para trás porque se sente desprotegida do ponto de vista humano. Quando nos perguntam sobre o repouso e peço-lhes que caiam para trás sem proteção, nenhuma delas é capaz de fazê-lo. No entanto, sob o poder do Espírito Santo, elas conseguem fazer o que, normalmente, seria impossível.
3. Muitas pessoas que ficam sob o poder do Espírito são pessoas cultas, cujo último desejo seria deitar-se no chão. No entanto, mesmo pessoas muito elegantes e distintas parecem perder esta preocupação quando repousam no Espírito.
4. Busco o processo de discernimento comunitário. Somos orientados em (1Jo 4,1) para “examinar os espíritos”. A comunidade, os ministros de oração e as pessoas que recebem oração geralmente têm uma percepção muito boa da presença ou ausência do Senhor durante a oração. Frequentemente, a comunidade sentirá a presença do Espírito Santo durante o processo de repouso.
5. Muitos sacerdotes que se dedicam totalmente ao ministério de cura estão de acordo com os bons frutos produzidos pelo repouso no Espírito. Os bispos que estiveram presentes durante essas orações e que também repousaram dão apoio a esse fenômeno do ministério de cura.
6. Nosso Deus é um Deus de surpresas. Precisamos estar abertos às maneiras através das quais o Espírito parece estar conduzindo o Seu Corpo. Quanto mais espessa a escuridão, mais brilhante a luz. Com a agressão ousada do demônio à nossa cultura, precisamos estar mais entregues à liderança do Senhor. Ele nos diz: “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
7. Devemos acreditar na honestidade e integridade básicas das pessoas até prova em contrário. Alguns diriam que nem todos os que caem estão repousando no Espírito. Isto, talvez, seja verdade, mas eu presumiria que a grande maioria está sob o poder do Espírito. Por isso, fico à vontade quando uso essa terminologia.
8. A maior parte dos fenômenos está sujeita a uso e abuso. Já conheci pessoas que jejuaram tanto que chegaram a prejudicar a saúde. Algumas vezes, encontramos pais que vão à missa diariamente esquecendo-se das necessidades da família. Contudo, preferimos focalizar o uso e não o abuso.
9. A ordem e o decoro devem ser sempre preservados. Acredito que do ponto de vista pastoral, devemos averiguar e impedir qualquer abuso, tal como permitir o repouso no Espírito durante a Comunhão, no meio da missa dominical, ou em um lugar público. Sem dúvida, isto constitui abuso e deve ser corrigido pastoralmente.
Nenhum Mal temerei, pois Estás junto a mim
”Jerusalém… as montanhas a envolvem, e o Senhor envolve o seu povo, desde agora e para sempre”.
Nem todo mundo é bastante livre interiormente para se entregar à experiência do repouso no Espírito.
Francis MacNutt faz uma reflexão sobre esta falta de liberdade:
“Há uma sorte de pessoas que bloqueiam esta experiência principalmente aquelas que na vida tiveram de aprender a controlar em demasia suas emoções. Há pessoas que têm verdadeiro pavor de se deixar levar. Não é tanto um problema espiritual; é antes emocional; têm medo de tudo o que não conseguem controlar pela razão. Algumas pessoas perderam a capacidade de responder à vida com espontaneidade”.
Frequentemente os intelectuais terão mais dificuldade em repousar no Espírito. Mas este não foi o caso com o meu antigo professor de Sagrada Escritura no seminário. Ele é licenciado em Sagrada Escritura pelo Instituto Bíblico de Jerusalém e doutorado em Psicologia.
A primeira vez em que recebeu uma oração, instantaneamente caiu sob o poder do Espírito, com uma grande abertura. Ele é muito culto e, contudo, tem uma grande receptividade. Mas, isto não é comum.
Em geral, acredito que o tipo de pessoa que repousa com maior prontidão é aquele que é livre, aberto, corajoso e dócil.
Em geral, são pessoas com uma certa dose de simplicidade. Os tipos mais intelectuais, reservados e conservadores tendem a demonstrar maior resistência ao repouso no Espírito. Portanto, parece haver necessidade de abertura psicológica, bem como de abertura espiritual.

TERCEIRA TARDE DE LOUVOR COM A MÃE PURÍSSIMA!

"Nós amamos porque primeiro Deus nos amou!" (1Jo 4, 19) Abrimos o mês da Bíblia com a Terceira Tarde de Louvor com a Mãe Puríss...