quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

É carnaval...



Na vida, as coisas parecem já existir desde sempre e para sempre, e se acaba por viver tudo o que acontece ou que aparece na moda, no “auge”. Porém, cada coisa tem seu princípio e seus momentos de transformação. É sempre bom que as perguntas surjam, como aquelas da criança que está descobrindo o mundo:
Quem criou isso?, por que isso existe? E que tal, como se diz na era da informação, navegar um pouco e descobrir como surgiu o carnaval?
História
Sua origem vem de uma manifestação popular anterior à era cristã, tendo se iniciado na Itália com o nome de saturnálias, festa em homenagem a Saturno, divindade da mitologia greco-romana, Baco (deus do vinho) e Momo (deus da graciosidade). Esses dividiam as honras dos festejos, que aconteciam nos meses de novembro e dezembro.          
Em Roma, era marcada por uma aparente quebra de hierarquia da sociedade, já que escravos, filósofos e tribunos se misturavam em praça pública. Na época ocorriam verdadeiros bacanais. Com o advento do cristianismo, esses festejos foram remanejados para antes quaresma.
Por que Carnaval?
Uma das versões mais aceitas para a origem do termo carnaval está no Dicionário de Frei Domingos Vieira, que define a palavra carnaval como provinda do italiano carne e vale. No dialeto milanês tem carnelevale, do baixo latim, e Carnelevamen de carne e levamen ação de tirar, assim, tempo em que se tira o uso da carne, pois a festa do carnaval é exatamente um dia antes da quarta-feira de cinzas.
A origem no Brasil
Rio de janeiro
No Rio de Janeiro colonial existia uma festa chamada congada do rosário, organizada pelos negros da Igreja Nossa Senhora do Rosário, para homenagear os príncipes do Congo que tornaram-se escravos, ocorria próximo ao Natal, sendo proibida no ano de 1820 pela polícia, pois o desfile acabava em sérios conflitos entre os negros e os capoeiras. Os negros, não se deixando abater, foram-se misturando nos ranchos de reis (festa religiosa em que se celebra a adoração dos reis magos a Jesus Menino), transplantados de Portugal. No final do século XIX, passaram do Natal para o carnaval. É o princípio do carnaval carioca. Aí, se desdobraram em ranchos tradicionais e escolas de samba, sobrevindo o rei e a rainha do Congo, sempre com seus trajes de antigas eras, o que se chama hoje de mestre-sala e porta-bandeira. Os embaixadores e os capoeiras e a música, formaram a bateria, que ainda consta do mesmo instrumental de percussão de origem Anglo-Congolesa.
Na Bahia
O primeiro carnaval de rua de Salvador aconteceu cinco anos antes da Proclamação da República. Era uma festa com grande influência européia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela época, com muito luxo, requinte. O ano de 1884 é considerado o primeiro carnaval no estilo de hoje, inclusive com o forte apoio da publicidade utilizada pelos comerciantes da época.
Entre 1895 e 1896 surgem os primeiros AFOXÉS, organizados por negros. Representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando seqüências de músicas e letras.
Em 1938 surgiu a idéia do trio elétrico, quando Dodô (rádio-técnico, músico e estudioso de eletrônica) e Osmar (inventor e músico), se conheceram tocando em programas de rádio, ao lado de Dorival Caymmi, entre outros nomes já famosos na época. Em 1939, em um Ford – o fobica – equipado com dois alto-falantes, eles se apresentaram nas ruas da cidade como a “dupla elétrica”.
Em Recife
Os festejos, sobretudo a festa de reis, eram organizados pelas chamadas Companhias de Carregadores de Açúcar e as Companhias de Carregadores de Mercadorias, isso no século XVII, que constava de cortejos com caixões e bandeiras.
O frevo, que significa ferver, provém das antigas marchas, maxixes e dobrados; as bandas militares do século passado, bem como as quadrilhas de origem européia.
Uma forte característica do carnaval pernambucano é o Maracatu, que surgiu por volta do século XVIII, dito Maracatus de Baque Virado ou Maracatus de Nação Africana. Entre os clubes que eram a expressão carnavalesca no período de 1904 a 1912, destacam-se os seguintes: Cavalheiros de Satanás, Caras Duras, Filhos da Candinha e U.P.M., o último como piada aos homens que não tinham mais virilidade.
No mundo
O atual carnaval é uma mescla entre o carnaval de Veneza e da cidade francesa de Nice, onde ocorrem desfiles de pessoas fantasiadas sobre carros enfeitados, exibindo-se para a platéia, enfeita-se a cidade toda por grandes painéis luminosos com temas carnavalescos; à beira do mar, ocorre o desfile mais importante e diferente: a Parada das Flores. Cerca de vinte carros alegóricos, repletos de flores frescas formando arranjos e mosaicos variados, passam pela avenida e são saudados pela platéia. Todas essas comemorações duram até o mardi gras – a “terça-feira gorda”.
O nome francês da data serviu para batizar uma comemoração americana que só acontece nesse dia, na cidade de Nova Orleans. A festa começou no século XVIII, quando a cidade ainda estava sob o domínio da França. Mantendo muitas de suas características originais, como o desfile de mascarados em carros alegóricos. No entanto, à semelhança do que ocorreu no Rio de Janeiro, ela se contagiou com elementos da cultura negra, muito forte na região. Outra presença da festa são os krewe, blocos de mascarados que dançam a pé pelas ruas.
Personagens do carnaval
MÁSCARAS: O uso das máscaras vem desde o tempo em que se pensava que elas protegiam os foliões de maus espíritos ou transformavam as pessoas em personagens diferentes. Já em Veneza, na Itália, o uso de fantasias no Carnaval surgiu por causa de uma proibição. No século XIII era comum as pessoas andarem mascaradas o tempo todo, aproveitando para fazer o que quisessem, inclusive crimes, sem serem reconhecidas. Por isso, foi decretado que o uso de máscaras seria permitido apenas durante o Carnaval. Se alguém fosse pego fantasiado em qualquer outro dia, seria punido com prisão e chicotadas.
MOMO: Segundo a Mitologia Greco-Romana, o Filho do Sono e da Noite, ocupava-se unicamente em examinar as ações dos deuses e dos homens, e chegava mesmo a repreendê-los. Considerado como deus da Graciosidade, tinha caráter muito jocoso. Era representado com uma máscara numa mão e na outra uma figura ridícula para dar a entender que tira a máscara aos vícios dos homens e ri da sua loucura. Foi eleito juiz das obras de Netuno, de Vulcano e de Minerva: nenhuma achou perfeita. Vituperou Netuno porque, compondo um touro, não lhe pôs chavelhos. Criticou o homem forjado por Vulcano, por não lhe ter feito uma janela no coração para lhe ver os seus secretos pensamentos. Censurou a casa que Minerva edificou, porque a não podia mudar de um lugar para outro.
Segundo a História da Arte: Ator que representava nas farsas populares do antigo teatro. Originário dos bobos encarregados de divertir os amos e senhores portugueses que habitavam os paços reais e as residências nobres com mímicas e farsas populares.
ARLEQUIM: Personagem da antiga comédia italiana (commedia dell’arte) de traje multicor, feito em geral de losangos, que tinha a função de divertir o público, nos intervalos, com chistes e bufonadas, foi posteriormente incorporado como um dos personagens nas peripécias das comédias, transformando-se numa de suas mais importantes personagens. Amante da Colombina. Farsante, truão, fanfarrão, brigão, amante, cínico.
COLOMBINA: Principal personagem feminina da commedia dell’arte (comédia de arte), amante do Arlequim e companheira do Pierrô. Namoradeira, alegre, fútil, bela, esperta, sedutora e volúvel. Vestia-se de seda ou cetim branco, saia curta e usava um bonezinho.
PIERRÔ: Personagem também originário da commédia dell’arte, ingênuo e sentimental. Usava como indumentária calça e casaco muito amplos, ornada com pompons e de grande gola franzida.
Gigliola Martins de Sena

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