quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Natureza e atributos de Deus

- Quem é Deus? - Um Espírito em três Pessoas; Criador e Soberano Senhor de todas as coisas. - Que quereis dizer quando dizeis que Deus é espírito? - Quero dizer que não tem corpo como nós, que está, absolutamente, isento de matéria e de qualquer elemento estranho ao seu ser (III,1-4). - Que consequências se derivam destes princípios? - Resulta que Deus é, no sentido mais absoluto e transcendental, o Ser por essência e as restantes coisas são seres particulares, são tais seres e não o Ser. (III,4).
- Deus é perfeito? - Sim, Senhor; porque nada lhe falta (VII,1). - É bom? - É a própria bondade, como princípio e fim de todos os amores. (VI). - É infinito? - Sim, Senhor; porque coisa alguma pode imitá-lo. - Está em toda a parte? - Sim, porque tudo quanto existe, Nele e por Ele existe. (VII). - É imutável? - Sim, porque nada pode adquirir. (IX). - É Eterno? - Sim, porque Nele não há sucessão (X). - Quantos deuses há? - Um só (XI). - Existem em Deus os referidos atributos? - Sim, Senhor, e se não os possuísse não seria o Ser por essência. - Poderereis demonstrá-los? - Sim, Senhor; Deus não seria o ser por essência, se não fosse o que existe per se, ou como dissemos, por necessidade de sua natureza. O que existe per se concentra em si mesmo todos os modos do ser; é, portanto perfeito e, sendo perfeito, necessariamente há de ser bom. É, além disso, infinito, condição indispensável para que nenhum ser tenha ação sobre Ele e o limite, e se é infinito possue o dom da ubiquidade. É imutável, porque, se mudasse, havia de ser em busca de uma perfeição que lhe faltasse. Sendo imutável, é eterno, porque o tempo é sucessão e toda sucessão revela mudança. Sendo perfeito em grau infinito, não pode haver mais do que um; se houvesse dois seres infinitamente perfeitos, nada teria um que o outro não possuísse, não haveria meios de distinguí-los e seriam, portanto um (III-VI). - Podemos ver a Deus enquanto vivemos neste mundo? - Não, Senhor; não o consente o nosso corpo mortal (XI,1-10) - Poderemos vê-lo no céu? - Sim, Senhor; com os olhos da alma glorificada (XII,1-10). - De quantos modos podemos conhecer a Deus neste mundo? - De dois: por meio da fé e da razão (XII,12-13). - Que coisa é conhecer a Deus por meio da razão? - É conhecê-Lo, mediante as creaturas, obras de suas mãos (XII,12). - E conhecê-Lo pela Fé? - É conhecê-Lo, sabendo o que Ele é, pelo que nos revelou de Si mesmo (XII,13). - Qual destes dois modos de conhecimento é mais perfeito? - Indubitavelmente, o da fé, dom sobrenatural que nos mostra Deus com uma claridade como jamais o pode conjeturar a razão humana; e ainda que, devido à imperfeição de nosso entendimento percebemos esta claridade manchada de sombras e obscuridades impenetráveis, é todavia dela, como aurora do dia feliz da visão perfeita, que se constituirá a nossa Bem-aventurança no céu (XII,15). (Suma Teológica em forma de Catequismo – São Tomaz de Aquino)

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