quinta-feira, 22 de agosto de 2013
As colunas de tua casa – 4ª Coluna: A cruz na parede
A bênção de Deus só nos vem quando nos esforçamos, por alcançá-la. Ela poreja da cruz, das chagas do Salvador sobre nós. “Só na cruz está a salvação.”
Seja, pois, a cruz de novo o centro da casa, o centro de gravidade visível, em torno do qual os espíritos circulam e não qualquer peça profana! – Naturalmente não quero dizer com isso que só deva haver quadros religiosos nas paredes dos aposentos.
Para tudo quanto é belo resta ainda
espaço em nosso lar cristão. E justamente os belos quadros da casa revelam o bom gosto dos moradores.
Nisso se lhes patenteia abundantemente o sentimento estético e moral.
É extremamente importante despertar já na criança este sentimento e o fino gosto para o que é realmente belo; pois, o cultivo do belo eleva a alma acima do comum e conduz a Deus o Sumo Bem.
Não pode por isso ser indiferente o que se vê suspenso às paredes do salão e dos quartos: a casa cristã é uma cópia da casa de Deus. Lá o principal é a cruz. Faz pena ver católicos que se tornaram “importantes”, ocultarem temerosamente o velho e raro símbolo.
O salão cheio de estátuas e quadros, a cruz quando muito no quarto de dormir, para que ninguém se escandalize. – Não é assim que se gera o sentimento de fé profunda, o espírito verdadeiramente cristão, que salva a família do naufrágio e renova um povo.
“Não são os falsos ídolos, nem também a espada e a mão armada que dão prosperidade a um povo, mas a cruz que se venera na família.” – Ouvimos uma vez um orador clamá-lo, numa reunião popular.
Tinha razão. Primeiramente carece que o Crucifixo seja de novo Rei na casa e na família. Daí lhe vem a bênção, como de um manancial profundo, espalhando-se pelo país e pelo povo. Honremos, pois, a sua imagem! Será nosso pregador, que nos chamará aos velhos costumes patriarcais, à fé, à justiça e à felicidade; pois veio de novo o tempo, do qual Wolfram von Eschenbaeh (falecido em 1215) diz:
Quase em completo abandono,
A fé, a fidelidade,
A justiça e a caridade,
Foram dormir um sono.
Quando acordarem deveras
Desse letargo profundo,
Veremos então no mundo
O bem-estar de outras eras.
Como ressoa eloquente e penetra a palavra da cruz, em meio da decadência dos tempos modernos!
Fala-nos da fé antiga, do velho cristianismo, ao qual nossos antepassados há quase 2.000 anos aderiram, que outrora tornou nosso povo grande e nossa vida de família feliz. Dos lábios do Crucificado, suspenso à porta, mana continuamente sobre a família cristã a fonte sagrada das mais remotas verdades, enquanto lá fora no mundo se torna – ai! – cada vez menor o número dos que se conservam fiéis ao Salvador!
E como a cruz exorta e adverte suavemente! Perdão, paciência e caridade, que nos são tão necessárias, como o pão de cada dia, dela aprendemos. E se alguém fora de casa quer andar por maus caminhos, se há ameaça de desavença e discórdia, não se desprende então baixinho dos lábios cerrados do Filho de Deus uma tocante exortação à paz, à paciência?
Que bem fará às crianças aprenderem de pais piedosos a olhar diariamente neste maravilhoso espelho! – Não é como se das chagas do Salvador se desprendesse uma clara luz, iluminando-lhes a vereda, para que não tropecem e não caiam no pecado? Como fazem bem os pais e mães que veneram o crucifixo como o fiel amigo do lar, e testemunha de tudo o que sucede na família, desde o alvorecer do dia, até o crepúsculo da tarde!
As luas mudam no meio deles: vê os filhos crescerem, levarem os mortos para a sepultura; ora contempla alegres semblantes; ora vê olhos banhados de lágrimas erguerem-se-lhe súplicas! Nas horas da dor se revela o único verdadeiro consolador!
Pode a casa ser pobre, não ter senão nuas paredes, despidas de adorno e crianças famintas; mas se lá dentro se encontra uma simples cruz, não lhe falta consolo. Pois quem é mais pobre que o Salvador no lenho da cruz?
Comparada com a Sua penúria, nossa cruz torna-se tão pequenina, nossa pobreza menos penosa! E que chagas existem ainda para as quais ele não tenha algum bálsamo, não saiba algum socorro?
Já é sempre um consolo para quem sofre, saber de outros que também sofrem e afinal ainda muito mais. Na cruz temos alguém que não só sofre conosco, mas que por nós sofreu todos os tormentos, que quis morrer por nós, para dar-nos a vida.
Para quantos Ele tornou a cruz mais leve a dor mais suave! Quantos, erguendo os olhos para a cruz, suspensa à cabeceira do leito, suportaram de bom grado a enfermidade mais dolorosa e o mais penoso fardo!
“Aceito tudo por amor d’Ele” – dizia-me recentemente um jovem aluno mortalmente enfermo, quando lhe perguntei se temia a morte.
Assim se torna a cruz o grande baluarte da casa, um refúgio de salvação, uma fonte de cura, cujas forças nunca se gastam, cujas bênçãos são inesgotáveis.
Um dia, em Düsseldorf, subi ao telhado de uma das altas casas modernas. Lá de cima se divisa uma vista magnífica da cidade, com seu meio milhão de habitantes e o rio coalhado de navios e botes.
E quando eu estava, com a bela cidade a meus pés, veio-me sem querer à mente a esperança do que se passa em todos aqueles milhares de criaturas, que, vistas do alto, parecem formigas, o que se encontra de alegria e sofrimento nas ruas e nas casas.
Quanta angústia e miséria muitas vezes passa apressada, sob uma capa brilhante! Quantos suspiros e maldições se confundem, com o tumulto das ruas, que me sobe aos ouvidos, amortecido como um surdo bramido, quase como uma voz de sepulcro!
Quantas vezes, sob estas negras telas, uns olhos chorarão, um coração humano sofrerá e não poderão achar consolo algum, porque não querem consolo; porque não o procuram onde única e exclusivamente poderiam achá-lo?
É na cruz, nas chagas d’Aquele que deixou traspassar Seu Coração na cruz, afim de ali preparar um refúgio seguro para todos enfermos e moribundos.
Ah! prouvesse a Deus que todas as famílias de novo se reunissem junto à cruz ao Coração de Jesus! Que se manifesta também hoje ainda e sempre de novo, como o asilo de todos os oprimidos, o grande manancial de bênçãos para a casa e a família, assim como se exprime na forma de consagração, com que a Igreja costuma benzer as casas novas.
O antigo e belo costume cristão conservou-o: Logo que os operários acabavam de construir o prédio, o sacerdote fazia o sinal da cruz sobre a porta e aspergia a casa com água benta, assim a consagrava quase como um templo e invocava sobre ela a bênção de Deus. Como são lindas essas orações da consagração!
Poderíamos tolerar nesta casa abençoada alguma coisa que não estivesse de acordo com a lei divina?
Afastemos, pois, tudo o que desagrada aos puríssimos olhos de Deus, seja quadro, ou livro, jornal ou moda! Do contrário o seu nome seria apenas um escárnio, seu domínio somente um reino das sombras – e nossa oração apenas uma função dos lábios.
Deus e Belial são polos oposto, coisas incompatíveis.
Que se dirá das famílias que talvez se consagrassem solenemente ao Divino Coração de Jesus, e afinal lhe conservam acesa, em frente à imagem, uma lamparina de azeite, na primeira sexta-feira do mês; mas em cuja casa, ao lado da cruz, se encontra toda a espécie de nudez, sob a cruz diários neutros e jornais ímpios, revistas ilustradas imorais e imundas?
Quem ama o Senhor Deus, não pode tolerar em casa os Seus algozes, que são os livros e jornais maus e ímpios. E não é só isso. Eles são também a morte da vida religiosa.
“Sabeis o que eu faria, se fosse o demônio, para afastar todos de Nosso Senhor? – Faria todos – assinarem um mau jornal ou pelo menos uma folha que nunca fale de Deus e da Igreja!” – escreveu há anos Albano Stolz.
Tinha razão. De fato é grande o mal que faz esse alimento diário ímpio ou inimigo de Deus. Faz uma obra satânica. Lento, como a malaria, o ar maligno dos pântanos da Itália, esse veneno penetra paralisante, não nos membros, mas em nosso modo de pensar e sentir, como católicos.
De onde vem a letargia a inapetência, a fraqueza, a indiferença e frieza de tantos católicos? De onde procede o mal estar, o pânico que os acomete, quando têm de manifestar-se a forma da causa católica? De certo provêm muitas vezes do jornal que lêem, cujo espírito sopra contra nós, penetra-nos pouco a pouco, como o alimento que ingerimos, entra em nós.
A vida sã e realmente católica só floresce e prospera à sombra da cruz, onde toda vida doméstica e pública da família se baseia sobre os princípios da religião do Crucificado.
Por amor de Deus, nada de meias tintas, do catolicismo “secularizado”, que desterra o padre para a sacristia e oculta a religião, como uma insígnia que se usa apenas nas paradas e depois se guarda o estojo.
Os livres pensadores dão a senha: monismo e não dualismo! Para eles é tudo uma só coisa: espírito e matéria são iguais, não há distinção alguma entre alma e matéria, homem e animal, Deus e o mundo!
Nós não somos monistas: pois temos olhos para ver o infinito abismo que se abre entre Deus e mundo, entre o espírito e o corpo.
Compreendemos a sua diferença e condenamos o sistema monístico. Uma coisa, porém podem os monistas ensinar-nos: uma intuição mais unitária do mundo, uma concepção mais central de nossa vida!
Um único ponto deve tornar-se de novo o ideal e o fim de toda a nossa atividade, de toda a nossa vida: Deus! Monismo, – não dualismo, no sentido de que temos – uma só alma e não duas ou três! Não temos uma alma de domingo e outra para os demais dias da semana, não temos uma alma para a vida particular e outra para a vida pública, uma alma para uso doméstico e outra para os negócios.
Precisamos de homens de uma só têmpera: que, como o grande patriota irlandês Daniel O’Connell, se dediquem em casa e na vida – a Deus, Cristo e Pedro, isto é, a sua Igreja; só estes são católicos. Da oração tira-lhes a força nutritiva a fé. É ao mesmo tempo: o termômetro da vida religiosa em geral.
Se o termômetro baixa a zero, é sinal que o gelo invadiu o país. Quando numa família o espírito de oração baixa a zero, é sinal que nesta casa já chegou o inverno, em que tudo o que dantes florescia em virtude, cai gelado e entorpecido.
Com a oração familiar cresce o sentimento religioso e uma fonte abundante de bênçãos abre-se para todos que residem na casa.
Uma colunazinha
Onde se ora, se respeitam também os demais hábitos religiosos. Lá se venera, por exemplo, a água benta. Na antiga vida cristã representava a água benta em geral um grande papel. Em casa alguma podia faltar.
Guardava-se a idéia cristã, que o celebre artista Miguel Ângelo exprimiu, na pia de água benta de uma Igreja de Florença: Um demônio está sentado sob a pia. Um anjinho borrifa-lhe inesperadamente a cabeça com água benta da pia de mármore. O demônio abaixa-se e foge. Assim o quer a benção dá Igreja sobre a água: o demônio e as influências satânicas devem ser afastados da casa e de seus moradores. Por isso havia outrora, pendurada à porta, a pia de água benta e a palma benta do último domingo de Ramos.
À entrada e à saída se tomava da água benta para benzer-se e à noite a mãe aspergia com a palma água benta sobre a caminha dos seus pequenos. Em tocante quando também os filhos mais velhos, o filho e a filha, de manhã ou à noite, davam água benta à mãe, diante dela se ajoelhavam e pediam: “Mamãe, dai-me a vossa benção!”.
Agora a pia de água benta frequentemente é banida do lar ou a água benta “secou”. Com ela, porém, secaram também as almas e muitas coisas de valor inestimável se perderam.
Seria para salvação da família?
Extraído de – As colunas de tua casa, um plano para a família pelo Vigário José Sommer, 1938
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