Bispo de Osório(RS)
Esse tema da “Campanha para a
Evangelização” no Rio Grande do Sul, tirado do prefácio do Natal, foi um
convite a preparar-nos para o Natal, tanto em nível pessoal como
familiar e também como Grupos de Famílias. As tradicionais noveninhas
que tanto bem fazem a quem se dispõe a caminhar com a comunidade
certamente foram um jeito bonito de acolher o “Deus que vem”, o “Verbo
da Vida” permitindo que ele entre em nossas casas pela presença de
irmãos e irmãs que chegam para juntos escutarmos a Boa Noticia: “Hoje
nasceu para vós o Salvador, Cristo Jesus”.
Se o advento é tempo de espera
confiante, própria dos simples e puros de coração que na fé aguardam
coisas novas que brotam do tronco de Jessé, o Natal é a concretização da
promessa feita aos nossos pais na fé e anunciada pelos profetas: a
vinda do Messias, o Salvador da humanidade, a Encarnação do Filho
Unigênito de Deus.
Deus não teve medo de tornar-se um de
nós. E porque nos ama desde a eternidade não teve receio de arriscar
assumir nossa carne humana, obra de suas mãos, para que fosse
reconduzida a sua glória original.
Embora, façamos memória todos os anos dos mesmos acontecimentos os
sentimentos são sempre novos. Sempre experimentamos um nuance novo. É a
vida do Salvador entrando em nosso coração e gerando o homem novo. Deus é
sempre NOVO! E aos poucos vai mostrando-nos sua eterna novidade. Como
afirma o papa Francisco: “toda ação evangelizadora autêntica é sempre
NOVA”.
O Deus que veio, vem e virá deseja
entrar em nossa casa, morar conosco, habitar nossas vidas, a de nossas
famílias, comunidades e povos. Para os que andam nas trevas oferece sua
luz, aos desanimados o consolador aconchego da manjedoura.
Um menino envolto em faixas nos lembra
que: Natal é Jesus! Natal, portanto, é momento de aproximação entre o
céu e a terra; é o Filho Unigênito de Deus descendo e os filhos dos
homens subindo através Dele. É comunicação, esperança e vida. É momento
de encontro, gozo, canto, louvor, momento de brindar a PAZ.
Deixemo-nos provocar por esse
acontecimento que transformou o mundo e abriu para a humanidade um
caminho de eternidade feliz. Deixemo-nos olhar e envolver por esse amor
apaixonado do Senhor e não ficaremos confundidos.
Abramos nossas portas a Cristo Salvador e
deixemos a luz do céu entrar com seu poder libertador e santificador.
Assim nossa vida ficará iluminada por centelhas de eternidade.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém
ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a
refeição, eu com ele e ele comigo”.
Para nós cristãos, a ceia Eucarística é a
forma por excelência para vivenciarmos essa comunhão humano divina.
Façamos, também, da nossa ceia de Natal um momento santo e memorial da
comunhão entre o céu e a terra; entre nós, pobres filhos e o Filho amado
do Pai. Como é bom e bonito encontrar-se em família, trocar presentes,
brindar o aniversário do nascimento do Menino Deus, Jesus.
Que tal oportunizar nesse tempo de paz
um encontro com aquela pessoa – parente, vizinho, familiar ou amigo –
afastada, as vezes por motivos mesquinhos: um mal entendido, uma ofensa
involuntária e que continuam gerando magoa e ressentimento. Sentimentos
estes que não fazem bem a nenhuma das partes. Sei que não é fácil dar o
braço a torcer, mas faz tão bem quando conseguimos vencer nosso orgulho e
restabelecer a comunhão. Um simples cartão de boas festas, um panetone
ou um vinho dados de coração podem servir para quebrar o gelo. Um gesto
de reconciliação e fraternidade vale muito mais do que presentões de
joias e outros produtos de consumo inútil.
Não tenhamos medo de dar o primeiro
passo. Como o anjo encorajou os pastores: “Não tenhais medo! Eu vos
anuncio uma grande alegria que será para todo o povo: hoje, na cidade de
Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11)
encorajemo-nos uns aos outros, pois com ele um novo mundo é possível, um
mundo de paz e unidade, onde as pessoas se acolhem e se estimam como
irmãos.
Essa “grande alegria” é tema central da
recente encíclica do Papa. Abre sua exortação apostólica dizendo: “A
alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se
encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do
pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo,
renasce sem cessar a alegria”.
Acolhamos, pressurosos, a vinda do
Salvador, certos que nos atende apaixonadamente para o convívio consigo.
“Convido todo cristão a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com
Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar
por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar”.
E para ver como o Papa nos quer alegres:
“Um evangelizador não deve ter constantemente uma cara de funeral.
Recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, a suave e reconfortante
alegria de evangelizar”.
Neste dia Santo, não percamos a
oportunidade de encontrar nossos familiares e saborear com eles, mais
uma vez, a alegria e a paz que se depreendem do Natal do Senhor.
Unamo-nos ao coro dos anjos e aos
humildes pastores de Belém cantando com alegria de coração: “Glória a
Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc
2,14).
Aos irmãos e irmãs de nossa amada
Diocese, aos visitantes veranistas que partilham conosco sua fé, nosso
augúrio de um FELIZ NATAL.
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