quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A raiz bíblica da fé de Maria: do Antigo ao Novo Testamento

A Tradição popular do culto atribuído a Maria, Mãe de Jesus nas diferentes devoções das várias e muitas culturas, apresentam Maria como a Mulher que vai de encontro aos fortes traços de cada mãe desta terra que ama seus filhos e filhas, tais como: Maria é aquela que abriga dentro de si os sentimentos mais profundos de afeto, de emoção que levam até às lágrimas de cada pessoa que a invoca. Maria não só é ícone de segurança nos problemas e situações
difíceis da vida de cada dia, mas é muito mais porque é a Mulher que ajuda a encontrar respostas adequadas para cada pedra que impede o caminho do caminhante tantas vezes cansado e extenuado. Representa um elixir, isto é, uma água boa de ser tomada e que recupera as forças do corpo e do espirito, bebida que satisfaz os vazios da vida e preenche de força a pessoa que se amamenta do leite terno e eficaz desta Mãe. "Maria vem da linhagem e da experiência de fé de outras mulheres fortes na esperança e no amor em busca da vontade de Javé". A Teologia, feita a partir do Antigo Testamento, que é a reflexão feita da Bíblia Sagrada e da Tradição oral assumida pela Igreja, pouco ou nada falam que esta Mulher vem na linhagem da experiência de fé na vida de muitas mulheres, tais como: a das antigas Mães como Eva, Agar e Sara que, em meio ao áspero e até mesmo humilhante caminho para a cultura daquele tempo, souberam confiar e responder ao chamado de Javé para uma missão junto a seu povo. Não só, mas Maria vem da linhagem e da experiência de fé de outras mulheres fortes na esperança e no amor em busca da vontade de Javé que lhes dava sinais de como deviam agir em favor de seu povo. Entre estas podemos contar com: a experiência de fé das filhas de Jerusalém ou filhas de Sião, como narra o mais belo Canto que celebra o amor mútuo de um Amado e de uma Amada, que se juntam e se perdem, se procuram e se encontram, numa interpretação alegórica do amor humano que transcende a terra para chegar ao céu (cf. Ct 1,5+8,4). A experiência de fé de Maria de Nazaré vem da tradição israelítica em que a figura feminina protagoniza o momento de esplendor e de projeção que aponta para o sentido universal e coletivo da presença de Javé em meio a seu povo. Finalmente, a raiz da fé de Maria é preanunciada e celebrada de forma lírica nos momentos da liturgia israelítica, em que povo refresca a memória de sua caminhada histórica feita de eventos e de fatos que marcam, continuamente, a progressiva revelação do Deus da vida e da razão de viver do povo. Esta lírica religiosa nos foi conservada pelos Salmos. Tudo isso se atualiza no encontro de muitas mulheres com Jesus, as quais estabelecem com Ele uma relação que ultrapassa a dimensão humana para se dar o direito de adentrar-se numa relação de transcendência. Assim se dá com a hemorroíssa, com a filha de Abrão, herança do povo fiel a Javé. Esta tem o direito de ser incluída junto com todos os seres humanos que aí se encontram, no templo sagrado e de viver a Lei que foi dada para todo o povo, não para estar fora do templo, mas dentro dele e da sua sacralidade. Maria de Nazaré vive e experimenta toda esta longa experiência de fé que, progressivamente, vai encontrando sua plenitude nos Novos Tempos trazidos pelo Filho de Deus, filho de suas entranhas. Esta é a experiência que cada mulher dos nossos tempos, que, como seu SIM como o de Maria, podem fazer e passar para as gerações que crescem e se multiplicam na fé, na esperança e no amor infinito do Pai. Irmã Lina Boff, teóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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