quinta-feira, 29 de maio de 2014

CARTA ENCÍCLICA "ECCLESIA DE EUCHARISTIA" Introdução...

 
CARTA ENCÍCLICA
ECCLESIA DE EUCHARISTIADO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO IIAOS BISPOS
AOS PRESBÍTEROS E DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS
E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS
SOBRE A EUCARISTIA
NA SUA RELAÇÃO COM A IGREJA

  
INTRODUÇÃO
1. A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.
O Concílio Vaticano II justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é « fonte e centro de toda a vida cristã ».(1)Com efeito, « na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito
Santo ».(2) Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.
2. Durante o Grande Jubileu do ano 2000, pude celebrar a Eucaristia no Cenáculo de Jerusalém, onde, segundo a tradição, o próprio Cristo a realizou pela primeira vez. O Cenáculo é o lugar da instituição deste santíssimo sacramento. Foi lá que Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: « Tomai, todos, e comei: Isto é o meu Corpo que será entregue por vós » (cf. Mt 26, 26; Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24). Depois, tomou nas suas mãos o cálice com vinho e disse-lhes: « Tomai, todos, e bebei: Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados » (cf. Mc 14, 24; Lc 22, 20; 1 Cor 11, 25). Dou graças ao Senhor Jesus por me ter permitido repetir no mesmo lugar, obedecendo ao seu mandato: « Fazei isto em memória de Mim » (Lc 22, 19), as palavras por Ele pronunciadas há dois mil anos.
Teriam os Apóstolos, que tomaram parte na Última Ceia, entendido o significado das palavras saídas dos lábios de Cristo? Talvez não. Aquelas palavras seriam esclarecidas plenamente só no fim do Triduum Sacrum, ou seja, aquele período de tempo que vai da tarde de Quinta-feira Santa até à manhã do Domingo de Páscoa. Nestes dias, está contido o mysterium paschale; neles está incluído também o mysterium eucharisticum
3. Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Actos do Apóstolos: « Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão, e às orações » (2, 42). Na « fracção do pão », é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas. De facto, a instituição da Eucaristia antecipava, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar da agonia no Getsémani. Revemos Jesus que sai do Cenáculo, desce com os discípulos, atravessa a torrente do Cedron e chega ao Horto das Oliveiras. Existem ainda hoje naquele lugar algumas oliveiras muito antigas; talvez tenham sido testemunhas do que aconteceu junto delas naquela noite, quando Cristo, em oração, sentiu uma angústia mortal « e o seu suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra » (Lc 22, 44). O sangue que, pouco antes, tinha entregue à Igreja como vinho de salvação no sacramento eucarístico, começava a ser derramado; a sua efusão completar-se-ia depois no Gólgota, tornando-se o instrumento da nossa redenção: « Cristo, vindo como Sumo Sacerdote dos bens futuros [...] entrou uma só vez no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, tendo obtido uma redenção eterna » (Heb 9, 11-12).
4. A hora da nossa redenção. Embora profundamente turvado, Jesus não foge ao ver chegar a sua « hora »: « E que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que cheguei a esta hora! » (Jo 12, 27). Quer que os discípulos Lhe façam companhia, mas deve experimentar a solidão e o abandono: « Nem sequer pudestes vigiar uma hora Comigo. Vigiai e orai para não cairdes em tentação » (Mt 26, 40-41). Aos pés da cruz, estará apenas João ao lado de Maria e das piedosas mulheres. A agonia no Getsémani foi o prelúdio da agonia na cruz de Sexta-feira Santa. A hora santa, a hora da redenção do mundo. Quando se celebra a Eucaristia na basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, volta-se de modo quase palpável à « hora » de Jesus, a hora da cruz e da glorificação. Até àquele lugar e àquela hora se deixa transportar em espírito cada presbítero ao celebrar a Santa Missa, juntamente com a comunidade cristã que nela participa.
« Foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia ». Estes artigos da profissão de fé ecoam nas seguintes palavras de contemplação e proclamação: Ecce lignum crucis in quo salus mundi pependit. Venite adoremus - « Eis o madeiro da Cruz, no qual esteve suspenso o Salvador do mundo. Vinde adoremos! » É o convite que a Igreja faz a todos na tarde de Sexta-feira Santa. E, quando voltar novamente a cantar já no tempo pascal, será para proclamar: Surrexit Dominus de sepulcro qui pro nobis pependit in ligno. Alleluia - « Ressuscitou do sepulcro o Senhor que por nós esteve suspenso no madeiro. Aleluia ».
5. Mysterium fidei! - « Mistério da fé ». Quando o sacerdote pronuncia ou canta estas palavras, os presentes aclamam: « Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus! ».
Com estas palavras ou outras semelhantes, a Igreja, ao mesmo tempo que apresenta Cristo no mistério da sua Paixão, revela também o seu próprio mistério: Ecclesia de Eucharistia. Se é com o dom do Espírito Santo, no Pentecostes, que a Igreja nasce e se encaminha pelas estradas do mundo, um momento decisivo da sua formação foi certamente a instituição da Eucaristia no Cenáculo. O seu fundamento e a sua fonte é todo o Triduum Paschale, mas este está de certo modo guardado, antecipado e « concentrado » para sempre no dom eucarístico. Neste, Jesus Cristo entregava à Igreja a actualização perene do mistério pascal. Com ele, instituía uma misteriosa « contemporaneidade » entre aquele Triduum e o arco inteiro dos séculos.
Este pensamento suscita em nós sentimentos de grande e reconhecido enlevo. Há, no evento pascal e na Eucaristia que o actualiza ao longo dos séculos, uma « capacidade » realmente imensa, na qual está contida a história inteira, enquanto destinatária da graça da redenção. Este enlevo deve invadir sempre a assembleia eclesial reunida para a celebração eucarística; mas, de maneira especial, deve inundar o ministro da Eucaristia, o qual, pela faculdade recebida na Ordenação sacerdotal, realiza a consagração; é ele, com o poder que lhe vem de Cristo, do Cenáculo, que pronuncia: « Isto é o meu Corpo que será entregue por vós »; « este é o cálice do meu Sangue, [...] que será derramado por vós ». O sacerdote pronuncia estas palavras ou, antes, coloca a sua boca e a sua voz à disposição d'Aquele que as pronunciou no Cenáculo e quis que fossem repetidas de geração em geração por todos aqueles que, na Igreja, participam ministerialmente do seu sacerdócio.
6. É este « enlevo » eucarístico que desejo despertar com esta carta encíclica, que dá continuidade à herança jubilar que quis entregar à Igreja com a carta apostólica Novo millennio ineunte e o seu coroamento mariano – a carta apostólica Rosarium Virginis Mariæ. Contemplar o rosto de Cristo e contemplá-lo com Maria é o « programa » que propus à Igreja na aurora do terceiro milénio, convidando-a a fazer-se ao largo no mar da história lançando-se com entusiasmo na nova evangelização. Contemplar Cristo implica saber reconhecê-Lo onde quer que Ele Se manifeste, com as suas diversas presenças mas sobretudo no sacramento vivo do seu corpo e do seu sangue. A Igreja vive de Jesus eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, « mistério de luz ».(3)Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: « Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No » (Lc 24, 31). 
7. Desde quando iniciei o ministério de Sucessor de Pedro, sempre quis contemplar a Quinta-feira Santa, dia da Eucaristia e do Sacerdócio, com um sinal de particular atenção enviando uma carta a todos os sacerdotes do mundo. Neste vigésimo quinto ano do meu Pontificado, desejo envolver mais plenamente a Igreja inteira nesta reflexão eucarística para agradecer ao Senhor especialmente pelo dom da Eucaristia e do sacerdócio: « Dom e mistério ».(4) Se, ao proclamar o Ano do Rosário, quis pôr este meu vigésimo quinto ano sob o signo da contemplação de Cristo na escola de Maria, não posso deixar passar esta Quinta-feira Santa de 2003 sem me deter diante do « rosto eucarístico » de Jesus, propondo à Igreja, com renovado ardor, a centralidade da Eucaristia. Dela vive a Igreja; nutre-se deste « pão vivo ». Por isso senti a necessidade de exortar a todos a experimentá-lo sempre de novo.
8. Quando penso na Eucaristia e olho para a minha vida de sacerdote, de Bispo, de Sucessor de Pedro, espontaneamente ponho-me a recordar tantos momentos e lugares onde tive a dita de celebrá-la. Recordo a igreja paroquial de Niegowić, onde desempenhei o meu primeiro encargo pastoral, a colegiada de S. Floriano em Cracóvia, a catedral do Wawel, a basílica de S. Pedro e tantas basílicas e igrejas de Roma e do mundo inteiro. Pude celebrar a Santa Missa em capelas situadas em caminhos de montanha, nas margens dos lagos, à beira do mar; celebrei-a em altares construídos nos estádios, nas praças das cidades... Este cenário tão variado das minhas celebrações eucarísticas faz-me experimentar intensamente o seu carácter universal e, por assim dizer, cósmico. Sim, cósmico! Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação. O Filho de Deus fez-Se homem para, num supremo acto de louvor, devolver toda a criação Àquele que a fez surgir do nada. Assim, Ele, o sumo e eterno Sacerdote, entrando com o sangue da sua cruz no santuário eterno, devolve ao Criador e Pai toda a criação redimida. Fá-lo através do ministério sacerdotal da Igreja, para glória da Santíssima Trindade. Verdadeiramente este é o mysterium fidei que se realiza na Eucaristia: o mundo saído das mãos de Deus criador volta a Ele redimido por Cristo.
9. A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério eucarístico, uma atenção que sobressai com autoridade no magistério dos Concílios e dos Sumos Pontífices. Como não admirar as exposições doutrinais dos decretos sobre a Santíssima Eucaristia e sobre o Santo Sacrifício da Missa promulgados pelo Concílio de Trento? Aquelas páginas guiaram a teologia e a catequese nos séculos sucessivos, permanecendo ainda como ponto de referência dogmático para a incessante renovação e crescimento do povo de Deus na sua fé e amor à Eucaristia. Em tempos mais recentes, há que mencionar três encíclicas: a encíclica Miræ caritatis de Leão XIII (28 de Maio de 1902),(5) a encíclica Mediator Dei de Pio XII (20 de Novembro de 1947) (6) e a encíclica Mysterium fidei de Paulo VI (3 de Setembro de 1965).(7)
O Concílio Vaticano II, embora não tenha publicado qualquer documento específico sobre o mistério eucarístico, todavia ilustra os seus vários aspectos no conjunto dos documentos, especialmente na constituição dogmática sobre a Igreja Lumen gentium e na constituição sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum concilium.
Eu mesmo, nos primeiros anos do meu ministério apostólico na Cátedra de Pedro, tive oportunidade de tratar alguns aspectos do mistério eucarístico e da sua incidência na vida daquele que é o seu ministro, com a carta apostólica Dominicæ Cenæ (24 de Fevereiro de 1980).(8) Hoje retomo o fio daquele discurso com o coração transbordante de emoção e gratidão, dando eco às palavras do Salmista: « Que darei eu ao Senhor por todos os seus benefícios? Elevarei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor » (Sal 116/115, 12-13).
10. A este esforço de anúncio por parte do Magistério correspondeu um crescimento interior da comunidade cristã. Não há dúvida que a reforma litúrgica do Concílio trouxe grandes vantagens para uma participação mais consciente, activa e frutuosa dos fiéis no santo sacrifício do altar. Mais ainda, em muitos lugares, é dedicado amplo espaço à adoração do Santíssimo Sacramento, tornando-se fonte inesgotável de santidade. A devota participação dos fiéis na procissão eucarística da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é uma graça do Senhor que anualmente enche de alegria quantos nela participam. E mais sinais positivos de fé e de amor eucarísticos se poderiam mencionar. 
A par destas luzes, não faltam sombras, infelizmente.De facto, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística. Num contexto eclesial ou outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a recta fé e a doutrina católica acerca deste admirável sacramento. Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. Aparecem depois, aqui e além, iniciativas ecuménicas que, embora bem intencionadas, levam a práticas na Eucaristia contrárias à disciplina que serve à Igreja para exprimir a sua fé. Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções.
Espero que esta minha carta encíclica possa contribuir eficazmente para dissipar as sombras de doutrinas e práticas não aceitáveis, a fim de que a Eucaristia continue a resplandecer em todo o fulgor do seu mistério.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Como rezar o Santo Rosário?

 

O Rosário consiste em duas realidades: a oração mental e a vocal, sendo a primeira caracterizada pela meditação dos mistérios de vida, morte e glória de Nosso Senhor e de Sua Mãe Santíssima, e a segunda consiste em rezar as quinze dezenas de Ave-Marias precedidas pelo Pai-Nosso.


Disposições para Bem Rezar

- Estar em estado de graça, ou pelo menos com esse propósito.
- Com atenção, evitar as distrações voluntárias.
- Controlar a imaginação, para não ser dominado pelas distrações involuntárias.
- Recusar as insinuações do demônio, que trabalha fortemente para que acreditemos que será inútil rezar o

Rosário, pelo fato de ser orações repetitivas, colocando argumentos como:

“Faça uma meditação de 30 minutos, é melhor...”; então jamais pare de rezar um Rosário, mesmo que você não tenha nenhuma devoção sensível.


Divisões

O Rosário é dividido em 15 mistérios. Pode ser rezado os quinze de uma vez, ou ser dividido em 3 terços.

***



Começando a Rezar o Terço ou o Rosário:

+ Pelo Sinal da Santa Cruz + Livrai-nos Deus, Nosso Senhor + dos nossos Inimigos. + Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Amém.

V. Deus in adjutorium meum intende.
R. Domine, ad adjuvandum me, festina.
Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oferecimento:
Divino Jesus, eu Vos ofereço este Terço que vou rezar contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as virtudes que me são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as indulgências anexas a esta devoção. (Ofereço-Vos, particularmente, este terço por...)

Credo - Segurando a Cruz, reza-se:

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus  Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu na Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado morto e sepultado; desceu aos infernos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos;   creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Pai-Nosso - Segura-se a primeira conta grande e reza-se:

Padre nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; e perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação; Mas livrai-nos do mal.Amém.

Ave-Maria - Nas próximas três contas menores, reza-se:

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.Amém.

Glória - Na próxima conta grande, reza-se:

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém.

Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem.

***

Mistérios


Agora, anuncia-se o primeiro mistério dos cinco (ou dos quinze, se for um rosário completo que será rezado ininterruptamente) que vai ser meditado ao decorrer de 10 ave-marias.





(Segundas-feiras, Quintas-feiras)
1. Anunciação do Arcanjo São Gabriel a Santíssima Virgem;
2. Visita de Maria Santíssima à sua prima Santa Isabel;
3. Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo em Belém;
4. Apresentação do Menino Jesus no Templo e Purificação de Maria Santíssima;
5. Encontro de Jesus no templo entre os doutores da Lei.




(Terças-feiras e Sextas-feiras)

1. A Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras;
2. A Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo;
3. A coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo;
4. Nosso Senhor Jesus Cristo carregando a Cruz (Subida dolorosa ao Calvário);
5. A Crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo.




(Quartas-feiras, Domingos e Sábados)

1. A Ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo;
2. Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo aos Céus;
3. A descida do Espírito Santo sobre os Nossa Senhora e os apóstolos reunidos no cenáculo (Pentencostes);
4. A Assunção de Nossa Senhora aos Céus; 
5. Coroação de Nossa Senhora, como Rainha dos Céus e da Terra,e de todos os santos e anjos.

Reza-se: "Neste primeiro mistério contemplamos..."


Depois reza-se o Pai-nosso na conta grande, e segue o rosário nas 10 contas menores, rezando uma ave-maria em cada conta.

Acabadas as ave-marias, reza-se o Glória ao Pai*, e depois a oração ensinada pelo Anjo de Fátima aos pastorinhos: Ó Meu Jesus...


Depois, anuncia-se o segundo mistério, e segue o mesmo esquema acima. Para facilitar, segue-se a gravura abaixo:




Terminado o Quinto (ou o Décimo quinto, se estiver rezando um rosário todo) reza-se:

Agradecimento:
Infinitas graças Vos damos, soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossas mãos liberais. Dignai-Vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo, e, para mais Vos agradecer, Vos saudamos com uma Salve Rainha...

Salve-Rainha
Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce, sempre virgem Maria. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Terminado o terço ou o rosário, usualmente reza-se a Ladainha de Nossa Senhora ou Ladainha Lauretana após o terço.

***

Recomendamos a leitura sobre a importância de se ter devoção ao Rosário, que transcrevemos abaixo:

"O Rosário é mais valioso que os salmos, pois: Assim como a realidade é mais importante que a prefiguração, e o corpo mais importante do que a sombra, da mesma forma o Rosário é mais grandioso que o Saltério de Davi que nada mais fez que prefigurá-lo."(São Luís de Maria G. de Montfort). 
(Extraídas do livro: O Segredo do Rosário - São Luís Maria Grignion de Montfort)


Oração vocal e mental:

- O Rosário consiste em duas realidades: a oração mental e a vocal, sendo a primeira caracterizada pela meditação dos mistérios de vida, morte e glória de Nosso Senhor e de Sua Mãe Santíssima, e a segunda consiste em rezar as quinze dezenas de Ave-Marias precedidas pelo Pai-Nosso.

Enfim, o Rosário torna-se uma mistura bendita de oração vocal e oração mental.


Meditação dos mistérios:

- São Domingos fez essa divisão dos mistérios no Rosário.

"O cristão que não medita sobre os mistérios do Rosário é muito ingrato a Nosso Senhor e mostra o quão pouco ele se preocupa por tudo que o Salvador Divino sofreu para salvar o Mundo." (São Luís de Maria G. de Montfort)

Os cristãos devem ter sempre em vista a vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, e tê-las como exemplo, e para nos ajudar nessa tarefa, foi que ela ordenou a São Domingos que ensinasse ao fiel a meditar nos mistérios sagrados.

“Devemos lutar, como se fosse num campo de batalha, para a aquisição de todas as virtudes que o Santo Rosário nos incita a imitar”. (São Tomás de Aquino)



Cuidado com o orgulho no progresso espiritual
“Se, pela graça de Deus, você já alcançou um alto nível de oração, mantenha a prática de rezar o Santo Rosário. Pois nunca ninguém que reza o Rosário diariamente se tornou um herege formal ou foi enganado pelo demônio. Esta é uma declaração que eu alegremente assino com meu sangue.” (São Luís de Maria G. de Montfort)


Defeitos ao se rezar o Rosário

- Nunca pedir alguma graça.

- Querer chegar ao fim, o quanto antes.

“É lamentável ver como a maioria das pessoas rezam o Santo Rosário, extremamente rápido e murmurando, fazendo com que as palavras não sejam pronunciadas claramente.” (São Luís de Maria G. de Montfort).


Segue método com pausas (locais com †) retiradas do próprio livro:

Pai Nosso, que estais no Céu, † santificado seja o Vosso nome, † venha a nós o Vosso Reino, † seja feita a Vossa vontade, † assim na Terra como no Céu. † O pão nosso de cada dia † nos dai hoje; † e perdoai as nossas dividas, † assim como nós perdoamos os nossos devedores; † e não nos deixeis cair em tentação, † mas livrai-nos do mal. Amém

Ave Maria, cheia de graça, † o Senhor é convosco, † bendita sois vós entre as mulheres † e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, † rogai por nós pecadores, † agora e na hora de nossa morte. Amém


Rezá-lo sem reverência, é necessário tomar cuidado com nossa posição corporal, quando possível rezar ajoelhado, mas podendo também ser rezado no trabalho ou nos afazeres do lar, porque o trabalho das mãos não é de forma alguma obstáculo à oração vocal.

Rezando em grupo

- Há várias formas de rezar o Santo Rosário, mas a que o diabo mais teme, é a de rezar ou cantá-lo publicamente em dois grupos.
- Normalmente nossas mentes ficam mais atentas quando estamos em grupos.
- A oração de cada um pertence a todos, e estas se juntam em uma oração ainda maior, sendo que na mesma reunião a oração do que está mais forte sustenta a do que está fraco.
- Se você reza com mais 30 pessoas, obtêm-se os méritos de 30 rosários.

“A oração pública é muito mais poderosa que a oração individual para apaziguar a ira de Deus e obter Sua Misericórdia”. (São Luís de Maria G. de Montfort)

Indulgências

- Os fiéis quando recitarem a terça parte do Rosário (terço) com devoção podem lucrar: Uma indulgência de 5 anos (Bula "Ea quae ex fidelium", Sixto IV).
- Se rezarem a terça parte do Rosário em companhia de outros, uma indulgência de 10 anos, uma vez ao dia.
- Aqueles que piamente recitarem a terça parte do Rosário na presença do Santíssimo Sacramento, uma indulgência plenária, sob condição de confissão e Comunhão.
- Os fiéis que durante o mês de Outubro recitarem no mínimo a terça parte do Rosário, publica ou privadamente, podem lucrar: uma indulgência de 7 anos por dia.
- Uma indulgência de 500 dias pode ser lucrada uma vez ao dia pelos fiéis que, beijando o Santo Rosário que carregam consigo ao mesmo tempo recitarem a primeira parte da Ave Maria até “Jesus”. (Sagrada Congregação da Penitenciária Apostólica. 30 de março de 1953).

Promessas de Nossa Senhora a quem reza o Rosário


Nossa Senhora abre o Seu coração Maternal a São Domingos e lhes faz estas promessas para quem rezar devotamente seu Rosário todos os dias:

1. Quem me servir constantemente rezando o Rosário, receberá uma graça especial;
2. Aos que rezarem devotamente o Rosário prometo minha especialíssima proteção e graça;
3. Será arma poderosíssima contra o inferno, destruirá os vícios, os pecados e abaterá as heresias;
4. O Rosário fará florescer as virtudes e as boas obras, atrairá as almas copiosas bênçãos de Deus, e substituirá o amor pelas coisas terrenas e mundanas pelo amor de Deus;
5. A alma que por meio do Rosário recorrer a mim não perecerá;
6. Todo aquele que rezar devotamente o Rosário contemplando os mistérios, não será oprimido pelas desgraças, não será castigado pelas justiças de Deus e não morrerá de morte repentina, mas se converterá se for pecador, se conservará na graça se for justo e se fará digno da vida eterna;
7. Os verdadeiros devotos do meu Rosário não morrerão sem antes receber os sacramentos;
8. Os que rezarem meu Rosário terão em vida na morte e na luz e a plenitude da graça, serão admitidos à participação dos méritos dos santos;
9. Os devotos do meu Rosário que forem para o purgatório, Eu os libertarei no mesmo dia;
10. Eles terão grande Glória no céu;
11. Tudo o que for pedido pelo Rosário será concedido;
12. Os que propagarem o meu Rosário, serão por mim socorrido em todas as necessidades;
13. Eu alcançarei de Meu Filho que todos os devotos do Rosário tenham por irmãos toda a corte celeste em vida e na morte;
14. Todos os que recitam o meu Rosário são meus filhos e irmãos de Jesus Cristo, meu Unigênito;
15. A devoção de meu Rosário, é um grande sinal de salvação.

Fonte: Grupo São Domingos de Gusmão
Visto em: http://tradicaocatolicateixeiradefreitas.blogspot.com.br/p/o-rosario-consiste-em-duas-realidades.html.

terça-feira, 27 de maio de 2014

O que Pe. Paulo Ricardo realmente disse sobre o Missal de Paulo VI e a "reforma da reforma"

Confira abaixo pronunciamento de Padre Paulo Ricardo acerca das especulações sobre o Missal de Paulo VI
Várzea Grande, 3 de setembro de 2013.
Salve Maria!
Alguns alunos pediram o costumeiro resumo dos conteúdos de meus dois programas ao vivo a respeito de O Missal de Paulo VI e a "reforma da reforma". Decidi fazê-lo pessoalmente para evitar quaisquer equívocos, devido à delicadeza da matéria.
Os dois vídeos são fruto de uma longa reflexão pessoal, que iniciou com a leitura do livro Introdução ao Espírito da Liturgia, do então Cardeal Ratzinger. É de conhecimento comum que o referido livro desencadeou um movimento litúrgico no mundo inteiro. O providencial pontificado do Papa Bento XVI aumentou ainda mais a amplitude e profundidade de seu alcance.
De forma brevíssima poderíamos resumir assim os dois vídeos:
  1. Vídeo 1 – O conteúdo do Missal de Paulo VI é católico, mas, por causa de sua linguagem ecumênica, não toma as precauções que impediriam a manipulação de uma leitura protestante. No século XVI, este tipo de manobra conduziu a Igreja da Inglaterra à perda da fé na Eucaristia.
  2. Vídeo 2 – O tipo de artimanha descrita no vídeo anterior tem feito um mal imenso à Igreja graças à militância de maus teólogos. Devemos seguir o exemplo de Bento XVI e usar as possibilidades que o Missal de Paulo VI nos dá de celebrá-lo de uma forma mais tradicional. Ao mesmo tempo, a liturgia antiga deve ser possibilitada amplamente. Ao Espírito Santo caberá nos conduzir e determinar o futuro do Rito Romano.
Penso que estes dois curtos parágrafos transmitem com fidelidade a substância do que eu desejei transmitir através dos programas.
Espero que isto também seja um instrumento para desmascarar a distorção sensacionalista de alguns resumos que circulam pela internet e que gostariam de interpretar estes dois programas como se fossem uma condenação do Missal de Paulo VI e do Concílio Vaticano II. A estas pessoas eu gostaria de responder com as palavras usadas pelo próprio Cardeal Ratzinger para defender o movimento litúrgico que desejava iniciar:
[Que] se crie a impressão de que nada no Missal jamais poderá ser mudado, como se qualquer reflexão a respeito de possíveis reformas futuras fosse necessariamente um ataque ao Concílio – a uma tal ideia eu só poderia dar o nome de absurda.
(Cardeal Joseph Ratzinger, "Réponse du Cardinal Ratzinger au Père Gy". in La Maison-Dieu 230.2 (2002) 113-20).
Peço aos amigos que divulguem amplamente estes resumos. É um auxílio ao debate sadio das ideias ali enunciadas e uma caridade para com algumas pessoas que não têm tempo ou disposição para assistir os dois longos vídeos. Algumas delas, aliás, de forma imprudente, não se abstém de opinar levianamente a respeito de um assunto sobre o qual não se deram o trabalho de sequer colher as informações preliminares (pedir a estas pessoas uma meditação séria e uma honesta busca da verdade é querer colher uvas de um espinheiro...).
Devido à importância da matéria, pediria também aos sacerdotes e aspirantes ao sacerdócio que acolhessem estas minhas reflexões como um convite ao estudo e ao desapaixonado e objetivo debate do tema.
Peço a Deus que este modesto serviço sirva para o crescimento de sua Santa Igreja, da qual me confirmo filho devotado e obediente,
In Iesu et Maria,
Padre Paulo Ricardo

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O último desejo de João Paulo II

Em um dos últimos documentos de seu pontificado, João Paulo II exortou a Igreja a celebrar corretamente o sacrifício eucarístico
Há exatos 10 anos, a Congregação para o Culto Divino, seguindo as disposições do então papa João Paulo II, publicava a Instrução Redemptionis Sacramentum[1]. O documento tinha por objetivo esclarecer alguns aspectos sobre a correta celebração da Eucaristia, e pôr termo à maré de abusos litúrgicos que se insurgia dentro da Igreja. Sendo a Santíssima Eucaristia o depósito "no qual está contido todo o bem espiritual da Igreja"[2], a preocupação do Santo Padre, exposta solenemente nessa instrução e na sua última encíclica, Ecclesia de Eucharistia, era nada mais que salvaguardar a fé dos fiéis, tornando a celebração dos sacramentos um ambiente livre de rixas e brigas fratricidas, advindas de falsas interpretações do Santo Sacrifício de Cristo.
O zelo pelo augusto sacramento eucarístico faz parte da história dos cristãos. Desde a sua origem, os católicos procuraram render glórias ao Criador por meio do culto à Eucaristia, chegando, em alguns casos, até mesmo às vias do martírio. " Sine dominico non possumus" – sem o domingo, não podemos viver. Era o que diziam os mártires de Abinitas, região do norte da África, ao desafiarem a lei do império, que os proibia de prestar culto a Deus. Desse eloquente testemunho do início do século IV, podemos haurir a íntima relação que existe entre a vida ordinária dos cristãos e a sua fé eucarística. O homem só consegue viver de acordo com sua reta natureza quando põe em primeiro plano o seu dever para com Deus. É que sem a verdadeira religião, todo ser humano acaba abeirando-se de outros altares; queimando incensos para novidades muitas vezes desumanas. A lei moral depende diretamente do reconhecimento de Deus. Trata-se de um dever natural dos homens; e, por isso, dizia o Papa Pio XII, "Deus os elevou à ordem sobrenatural"[3].
A liturgia cristã, por sua vez, não é uma invenção humana. Não se trata de uma busca de Deus às apalpadelas, como se se estivesse a construir outra Torre de Babel. Deus é quem nos ensina a forma correta de adorá-Lo. É Ele, e somente Ele, o verdadeiro protagonista de toda ação litúrgica. Com efeito, dada a missão da Igreja de guardar e ensinar a fé apostólica, cabe a ela, por direito divino, o dever de esclarecer e coibir os equívocos contra a doutrina de Deus, sobretudo no que tange à matéria sagrada do Santíssimo Sacramento – uma vez que não são poucos os que inserem princípios errôneos na celebração eucarística que, "em teoria ou na prática, comprometem esta santíssima causa, e frequentemente até a contaminam de erros que atingem a fé católica e a doutrina ascética"[4].
Quando pensamos em exemplos como o de Madre Teresa de Calcutá – que passava horas diante do altar, rogando a Deus pelo bom êxito de seus trabalhos –, ou na imagem de São Padre Pio de Pietrelcina – que muitas vezes ardia em febre pela Santíssima Eucaristia –, conseguimos compreender o que significa viver eucaristicamente. A comunhão do Corpo de Cristo provoca uma mudança em todo nosso ser. " Não é o alimento eucarístico que se transforma em nós, mas somos nós que acabamos misteriosamente mudados por Ele"[4], até o momento em que cada um possa repetir as palavras do Apóstolo das gentes: "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Cfr. Gl 2, 22). No altar, mediante a oferta do sacerdote, unimo-nos ao sacrifício de Cristo na cruz. Dessa íntima comunhão, nasce a necessidade de uma presença iluminadora no meio da sociedade, a fim de que Deus possa ser tudo em todos. Dizia o Papa Pio XII:
Assistindo, pois, ao altar, devemos transformar a nossa alma de modo que se apague radicalmente todo o pecado que está nela, e com toda diligência se restaure e reforce tudo aquilo que, mediante Cristo, dá a vida sobrenatural: e assim nos tornemos, junto com a hóstia imaculada, uma vítima agradável a Deus Pai. [5]
Nesse sentido, o respeito às normas litúrgicas não deve ser encarado como uma prisão, mas como autêntica liberdade. As extremidades de um quadro não cerceiam a criatividade de um pintor; pelo contrário, são elas que garantem a existência e aplicabilidade de sua arte. Mutatis mutandis, as rubricas do missal nada mais são do que as extremidades do quadro litúrgico de Deus, a fim de que o homem possa adorá-Lo "em espírito e em verdade" (Cfr. Jo 4, 23). A missa não consiste "em criar um pequeno mundo alternativo por conta própria"[6]. Isso significaria "o abandono do Deus verdadeiro, disfarçado debaixo de um tampo sacro"[7]. A Missa é o memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. "E, a fim de que esta memória não tivesse nenhuma narrativa confusa por parte dos homens" – recorda-nos o venerável Fulton Sheen –, "Ele mesmo instituiu a maneira correta de recordá-la"[8].
Resumidamente, como disserta a instrução do Papa João Paulo II, trata-se do sacramento de nossa redenção.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Comungar de joelhos ou em pé?


Portugal Pope VisitSegue Normas da Igreja:
Comunhão na mão, boca, em pé, de joelho
Redemptionis Sacramentum
[91.] Na distribuição da sagrada Comunhão se deve recordar que «os ministros sagrados não podem negar os sacramentos a quem os pedem de modo oportuno, e estejam bem dispostos e que não lhes seja proibido o direito de receber». Por conseguinte, qualquer batizado católico, a quem o direito não o proíba, deve ser admitido à sagrada Comunhão. Assim pois, não é lícito negar a sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé.
[92.] Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares aonde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se lhe administrar a sagrada hóstia. Sem dúvida, ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies  eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão.
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Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº  493  -  Ano: 2003  -  p.  330
Em síntese:  A concessão da Santa Sé para os fiéis receberem a Santíssima Comunhão na mão (e, por conseguinte, em pé) datada de 1975 deixava aos comungantes a liberdade para aceitarem ou não o novo rito.  Contudo alguns sacerdotes têm obrigado os fiéis a receber a Santíssima Comunhão na mão (e em pé).  Daí resultaram queixas levadas à Congregação para o Culto Divino, que reiterou o caráter facultativo da nova modalidade de comungar, mediante um documento de 2002, o qual vai, a seguir, transcrito.
Em 1975 a Santa Sé concedeu ao clero do Brasil a faculdade de ministrar a S. Comunhão aos fiéis, postos em pé com a mão estendida, sendo que o novo rito não seria ser imposto aos fiéis; estes, se quisessem, poderiam continuar a comungar na boca e de joelhos.
Verificou-se, porém, que em vários países os sacerdotes se puseram a negar a Eucaristia a quem estivesse de joelhos.  Isto provocou queixas levadas à Congregação para o Culto Divino, que respondeu com Carta, a seguir, transcrita.A fim de que fique bem clara ao leitor a problemática em foco, vai, primeiramente, publicado o texto da concessão de 1975.
1.  A concessão de 1975
Em 05/03/1975 Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculdade de permitirem a Comunhão na mão em suas respectivas dioceses, desde que sejam observadas as seguintes normas:
1. Cada Bispo deve decidir se autoriza ou não em sua Diocese a introdução do novo rito, e isso com a condição de que haja preparação adequada dos fiéis e se afaste todo perigo de irreverência.
2. A nova maneira de comungar não deve ser imposta, mas cada fiel conserve o direito de receber à Comunhão na boca, sempre que preferir.
3. Convém que o novo rito seja introduzido aos poucos, começado por pequenos grupos, e precedido por uma adequada catequese.  Esta visará a que não diminua a fé na presença eucarística, e que se evite qualquer perigo de profanação.
4. A nova maneira de comungar não deve levar o fiel a menosprezar a Comunhão, mas a valorizar o sentido de sua dignidade de membro do Corpo Místico de Cristo.
5.  A hóstia deverá ser colocada sobre a palma da mão do fiel, que a levará à boca antes de se movimentar para voltar ao lugar.  Ou então,embora por várias razões isto nos pareça menos aconselhável, o fiel apanhará a hóstia na patena ou no cibório, que lhe é apresentado pelo ministro que distribui a Comunhão, e que assinala seu ministério dizendo a cada um a fórmula: “O Corpo de Cristo”.  É, pois, reprovado o costume de deixar a patena ou o cibório sobre o altar, para que os fiéis retirem do mesmo a hóstia, sem apresentação por parte do ministro.  É também inconveniente que os fiéis tomem a hóstia com os dedos em pinça e, andando, a coloquem na boca.
6. É mister tomar cuidado com os fragmentos, para que não se percam, e instruir o povo a seu respeito.  É preciso, também, recomendar aos fiéis que tenham as mãos limpas.
7. Nunca é permitido colocar na mão do fiel a hóstia já molhada no cálice.
Estas normas se acham na Carta datada de 15/03/75, pela qual a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil transmitia a cada Bispo as instruções da Santa Sé.  A mesma Carta ainda observava o seguinte:
“Só mediante o respeito destas sábias condições poderemos aguardar os frutos que todos desejam desta medida. A experiência da distribuição da Comunhão na mão, em vários pontos do país, revelou pontos negativos, que deverão ser cuidadosamente eliminados.  Assim, alguns ministros deram na mão do fiel a hóstia já molhada no cálice, enquanto outros, para ganhar tempo, colocaram na própria mão várias hóstias, fazendo-as escorregar rapidamente, uma a uma, nas mãos dos fiéis, como quem distribui balas às crianças”.
Vê-se que a Santa Sé enfatiza o máximo cuidado para que não haja profanaçãocapa_comungar da Santíssima Eucaristia nem ocorram irreverências.  Entre outras diretrizes, merecem especial atenção as seguintes: não se deve comungar andando, mas quem recebeu na mão a partícula sagrada, afasta-se para o lado (a fim de deixar a pessoa seguinte aproximar-se) e, parado, comungue.   Cada comungante trate de verificar se não ficou na palma na mão ou entre os dedos alguma parcela de pão consagrado (em caso positivo, deve consumi-la).É lícito comungar duas vezes no mesmo dia se, em ambos os casos, o fiel participa da S. Missa (cânon 917).
A intervenção da Santa Sé em 2002 (reiterada em 2003) Expressão do mal-estar causado pela recusa da Eucaristia, é a seguinte carta dirigida por uma pessoa devota à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos:
“Desde muito sinto a necessidade interior de me ajoelhar no momento de receber a Sagrada Comunhão. Não o fiz até agora, ciente de que alguns sacerdotes e mesmo Bispos recusam ministrar o sacramento a quem esteja ajoelhado. Preferi evitar a possibilidade de um escândalo, embora soubesse que tinha o direito de me ajoelhar”.
Muitas cartas semelhantes suscitaram a seguinte resposta da Congregação para o Culto Divino datado de 2002 e reiterada em fevereiro de 2003.
Congregatio de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum
Protocolo nº 1322/02/L
Roma, 1º de julho de 2002.

Excelência Reverendíssimos,
 Esta Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos recebeu recentemente, da parte de fiéis leigos da sua diocese, informação comunicando que se tem recusado a Sagrada Comunhão aos fiéis que, para recebê-la, se põem de joelhos em vez de permanecer em pé.  Os informantes dizem que tal procedimento pode estar mais difundido na diocese; todavia a esta Congregação não é possível averiguá-lo; este Dicastério tem certeza de que Vossa Excelência está em condições que lhe permitem promover uma investigação certeira sobre o assunto.  Como quer que seja, as queixas proporcionam a este Discastério ocasião de que o torne conhecido a qualquer sacerdote que precise ser informado.
Esta Congregação está realmente preocupada com o grande número de queixas recebidas de várias partes nos últimos meses.  Ela considera que a recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos, a saber: o de ser ajudado por seus Pastores por meio dos sacramentos (Código de Direito Canônico, cânon 213).
Em vista da lei que estipula que ministros sagrados não podem recusar os sacramentos a quem os pede de modo conveniente, com boas disposições e sem empecilho da parte do Direito (cânon 843 § 1), não se deve recusar a Sagrada Comunhão a nenhum católico durante a Santa Missa, excetuados os casos que ponham em perigo de grave escândalo a comunidade dos fiéis; ocorrem quando se trata de pecador público ou de alguém obstinado na heresia ou no cisma publicamente professado e declarado.
Mesmo naqueles países em que esta Congregação adotou a legislação local que reconhece o permanecer em pé como postura normal para receber a Sagrada Comunhão … ela o fez com a condição de que aos comungantes desejosos de se ajoelhar não seria recusada a Sagrada Eucaristia.
Com efeito, como o Cardeal Joseph Ratzinger enfatizou recentemente, o costume de ajoelhar-se para receber a Sagrada Comunhão tem em seu favor uma tradição multissecular, e é sinal particularmente expressivo de adoração, que corresponde à verdadeira real e substancial presença de Jesus Cristo Nosso Senhor sob as espécies eucarísticas.
Dada a importância deste assunto, esta Congregação pede que V. Ex. investigue se tal sacerdote recusa habitualmente a Sagrada Comunhão a algum fiel nas circunstâncias atrás descritas e, se tal é fato real, a Congregação pede também que V. Ex. lhe ordene firmemente que se abstenha de assim proceder no futuro; o mesmo seja feito em relação a qualquer outro sacerdote que haja praticado a mesma falha.
Os sacerdotes devem entender que a Congregação considerará qualquer queixa desse tipo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes, atuará no plano disciplinar de acordo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes, atuará no plano disciplinar de acordo com a gravidade do abuso pastoral.
Agradeço a V. Ex. a atenção dispensada a este assunto e conto com a sua amável colaboração.
Sinceramente seu em Cristo
 Jorge A. 
Cardeal

Medina Estévez
Prefeito

Francisco Pio Tamburrino
Secretário
 Como se pode depreender, a Congregação para o Culto Divino considera grave falta a recusa da Comunhão Eucarística a quem a queira receber de joelhos.
O padre não pode impedir as pessoas de se ajoelharem na hora da Consagração; seria abuso dele; pois o Missal Romano manda ajoelhar nesta hora (Ed. Paulus, 6ª Edição, pág. 36; n. 21), diz:
 “Ajoelhem-se durante a Consagração, a não ser que a falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam.”
 A Instrução Geral do Missal Romano, diz:
 43. Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o invitatório “Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.
Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.
Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração.
Catecismo da Igreja:
§1378 – O culto da Eucaristia. Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. “A Igreja católica professou e professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa, mas também fora da celebração dela, conservando com o máximo cuidado as hóstias consagradas, expondo-as aos fiéis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão.” (Mysterium Fidei, 56).


quinta-feira, 22 de maio de 2014

“Maria está junto de ti” - São Josemaria Escrivá

 



Não estás só. – Aceita com alegria a tribulação. – Não sentes na tua mão, pobre criança, a mão da tua Mãe: é verdade. – Mas... não tens visto as mães da terra, de braços estendidos, seguirem os seus meninos quando se aventuram, temerosos, a dar os primeiros passos sem ajuda de ninguém? – Não estás só; Maria está junto de ti. (Caminho, 900)

Dá alegria verificar que a devoção à Virgem está sempre viva, despertando nas almas cristãs o impulso sobrenatural de se comportarem como domestici Dei, como membros da família de Deus.

Estou certo de que cada um de nós, ao ver nestes dias como tantos cristãos exprimem de mil formas diferentes o seu carinho pela Virgem Santa Maria, se sentirá também mais dentro da Igreja, mais irmão de todos os seus irmãos. É como uma reunião de família, em que os filhos já adultos, que a vida separou, voltam a encontrar‑se junto de sua mãe por ocasião de uma festa. E se uma vez ou outra discutiram entre si e se trataram mal, naquele dia é diferente; naquele dia sentem‑se unidos, reconhecem‑se todos no afeto comum.
 
 Maria edifica continuamente a Igreja, reúne‑a, mantém‑na coesa. É difícil ter uma devoção autêntica à Virgem e não sentir‑se mais vinculado aos outros membros do Corpo Místico e mais unido à sua cabeça visível, o Papa. Por isso gosto de repetir: Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam!, todos, com Pedro, a Jesus por Maria! (É Cristo que passa, 139).
 
 
Fonte: Blog Opus Dei

terça-feira, 20 de maio de 2014

São Luís de Montfort e o primado de Deus

“Para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos os dias”, diz São Luís de Montfort. O caminho da salvação continua sendo o caminho da Cruz.
O lema que inspirou a vida e o apostolado de São Luís Maria Grignion de Montfort resume-se em duas breves palavras: "Só Deus". Toda a sua existência – a ânsia de humilhações, desde muito cedo; o incansável ardor missionário, que o fez atravessar a pé grandes porções de terra; o amor à pobreza, que consagrou fazendo-se escravo de Maria Santíssima –, tudo apontava para o alto.
Para defender esse primado de Deus, São Luís não media palavras nem ficava "cheio de dedos": "Se a prudência consiste em não empreender nada de novo por amor de Deus e em não dar que falar, os Apóstolos cometeram um grande erro quando saíram de Jerusalém, São Paulo não devia ter viajado tanto nem São Pedro levantado a cruz no Capitólio" [1], dizia. Contra o respeito humano, ele ostentava, com coragem, o seu terço e um grande crucifixo, com os quais partia em missão França afora, pregando, levantando cruzeiros e reconstruindo igrejas.
Fiel às palavras de Jesus – "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" [2] –, não se gloriava em nada senão na Cruz de nosso Senhor. Assim como São Paulo que, tendo "muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis (...), mas afirmou: "Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo" [3], São Luís proclamava:
"Encontro-me mais que nunca empobrecido, crucificado, humilhado. Os homens e os demônios fazem-me uma guerra bem amável e bem doce. Que me caluniem, que escarneçam de mim, que despedacem a minha reputação, que me metam na cadeia: esses dons são preciosos para mim, esses manjares são deliciosos para mim! Ah! Quando serei crucificado e perdido para o mundo?" [4]
Para seguir a Cruz, o próprio Luís fazia questão de pregar-se ao madeiro com Cristo. E indicava o mesmo caminho aos seus filhos: " Para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos os dias. (...) Se não morrermos para nós mesmos, e se as nossas devoções mais santas não nos levam a esta morte necessária e fecunda, não daremos fruto que valha" [5]. E advertia aos que chamava de "amigos da Cruz": "Tende bem cuidado para não admitir em vossa companhia os delicados e sensuais, que temem a menor picadela, que se queixam de mínima dor, que nunca provaram a crina, o cilício, a disciplina e, entre as suas devoções em moda, misturam a mais disfarçada e refinada delicadeza e falta de mortificação" [6].
Devotíssimo da Virgem Maria, recebia seus favores desde a mais tenra infância. Na idade adulta, escreveu um livro no qual explicou, com piedade e clareza impressionantes, em que consiste o verdadeiro amor à Mãe de Deus. O hoje conhecido "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem" ficou desconhecido por vários séculos. Como São Luís mesmo previu em seu livro – "muitos animais frementes virão em fúria para rasgar com seus dentes diabólicos este pequeno escrito (...) ou pelo menos procurarão envolver este livrinho nas trevas e no silêncio duma arca, a fim de que não apareça" [7] –, esta grande preciosidade permaneceu escondida por muito tempo.
Quando foi encontrada, porém, não só estimulou os fiéis a amarem mais Nossa Senhora, mas influenciou o magistério de pontífices como Leão XIII, São Pio X e, nos últimos anos, de São João Paulo II.
Nesta obra, São Luís responde com força aos escrupulosos: "Maria ainda não foi suficientemente louvada e exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda muito maior louvor, respeito, amor e serviço" [8]. E aponta com insistência ao fundamento desta devoção: "Se a Devoção à Santíssima Virgem afastasse de Jesus Cristo, deveríamos repeli-la como uma ilusão do demônio" [9]. Mas, como pode a lua ofuscar o brilho do sol, se, ao contrário, é do próprio sol que vêm a sua glória e a sua majestade? Do mesmo modo, como pode Maria "obstruir" o caminho até Jesus, se é justamente em virtude d’Ele que Deus a preservou da mancha do pecado original e a cumulou de todas as graças? Se é justamente para melhor honrá-Lo e glorificá-Lo que se estabeleceu o seu culto na Igreja universal?
A devoção que ensinou São Luís não pretendia ser uma "nova revelação", mas simplesmente, nas palavras do próprio sacerdote francês, "uma renovação perfeita dos votos ou promessas do Santo Batismo" [10]. Recomendando a escravidão a Nossa Senhora, São Luís não pretendia criar uma "casta" de pessoas separadas e diferentes, mas tão somente apontar para as águas do Batismo, pelas quais todos aqueles que se tornam filhos de Deus devem passar; não pretendia inventar um caminho diferente, mas dar novo ânimo para que os fiéis pudessem trilhar a mesma estrada do Evangelho, rumo ao Calvário.
"Só Deus": isso basta. Eis a grande lição de São Luís de Montfort. Que ele nos ajude a amar, buscando a coroa de glória do Céu, mas sem rejeitar a coroa de espinhos que este "vale de lágrimas" nos reserva. Afinal, "nada existe que seja tão necessário, tão útil, tão doce ou tão glorioso quanto sofrer alguma coisa por Jesus Cristo" [11].
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Preferir a morte para entrar na vida

Na batalha diária para fazer a vontade de Deus, os cristãos são chamados a imitar o testemunho dos mártires e trilhar o caminho do Céu
Uma sentença do século III, de Orígenes, diz que "diante de uma tentação, um cristão sai mártir ou idólatra".
Todos os dias os homens são confrontados pela tentação demoníaca que oferece um caminho mais fácil, mais prazeroso. E não é diferente com os seguidores de Jesus: é-lhes comumente apresentada a sedutora proposta de abandonar a Deus e o caminho da Cruz, de adorar a criatura no lugar do Criador, de procurar a felicidade onde ela não se encontra: no dinheiro, na bebida, no sexo, na fama e em tantas outras coisas. Por outro lado, rejeitar essas criaturas que se arrogam o direito de tomar o lugar de Deus implica numa espécie de morte, de martírio.
Para fortalecer a coragem cristã, poucas coisas são tão importantes quanto a leitura e a meditação assídua do Evangelho e da vida dos santos. "A santidade na Igreja representa uma hermenêutica da Escritura da qual ninguém pode prescindir", indicava o Papa Bento XVI. "O Espírito Santo que inspirou os autores sagrados é o mesmo que anima os Santos a darem a vida pelo Evangelho. Entrar na sua escola constitui um caminho seguro para efetuar uma hermenêutica viva e eficaz da Palavra de Deus"01.
Pode acontecer que as pessoas, ao se debruçar sobre a riqueza misteriosa das Escrituras, imaginem a santidade como algo muito distante, seja no tempo, seja na própria dimensão das possibilidades de vida humana. Ao ler a vida dos santos, no entanto, o cristão depara-se com o Verbo que novamente se encarna na história. A santidade deixa de ser uma realidade "do século I", grafada em letras arcaicas ou "mortas": é uma verdade palpável, que toca também os homens dos nossos dias. É especialmente no esbarrar-se com aqueles que viveram verdadeiramente a Palavra de Deus que o ser humano se encontra com a "Beleza tão antiga e tão nova" da qual fala Santo Agostinho em suas Confissões.
A mensagem de Cristo nunca é velha, atrasada ou "inadequada" para os tempos modernos, como muitas leituras anticlericais sugerem; ao contrário, ela se rejuvenesce a cada testemunho vigoroso de amor, a cada mártir que se recusa a trair sua fé.
Neste contexto, um relato forte retirado da Bíblia, embora aborde uma perseguição ocorrida aos judeus, ajuda os cristãos a inflamar em si mesmos o espírito de fortaleza e de coragem. O trecho em questão narra o destemor de uma mãe e de seus sete filhos, todos mortos pelo rei Antíoco IV Epifânio, durante uma perseguição violenta ocorrida em Jerusalém, no século II a. C.
O Segundo Livro dos Macabeus afirma que os infantes "foram um dia presos com sua mãe" e instados a comer carne de porco, "por meio de golpes de azorrague e de nervos de boi" (7, 1). Um azorrague era uma espécie de açoite feito com tiras de couro e que possuía, em cada ponta, um instrumento cortante ou pedaços de articulações de carneiro. O espírito daquela família, no entanto, era resoluto. Nenhum dos terríveis golpes de azorrague diminuiu-lhes o fervor em cumprir a vontade de Deus: "Estamos prontos a morrer, antes de violar as leis de nossos pais" (v. 2), disse um deles, sem medo.
As torturas se seguiam, como em um conto de terror. "O rei (...) ordenou que aquecessem até a brasa assadeiras e caldeirões (...) [e] que cortassem a língua do que falara por todos e, depois, que lhe arrancassem a pele da cabeça e lhe cortassem também as extremidades, tudo isso à vista de seus irmãos e de sua mãe" (v. 3-4).
O que fizeram, então, aqueles rapazes, vendo seu irmão ser cruelmente torturado até o suplício? Não renunciavam a seu propósito, nem titubeavam, mas "exortavam-se mutuamente a morrer com coragem" (v. 6). Animados pela esperança na ressurreição dos mortos, eles entregavam bravamente sua vida a Deus, um por um.
Chegando o momento de infligir a morte ao filho mais novo, Antíoco recuou, por um instante. Ele insistia com ele, "prometendo-lhe com juramente torná-lo rico e feliz, se abandonasse as tradições de seus antepassados, tratá-lo como amigo e confiar-lhe cargos" (v. 24). Mas, nem assim o jovem cedia. Então, o rei tentou conversar com sua mãe. Narra o autor sagrado que ele "mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse (...) para que o adolescente salvasse sua vida" (v. 25).
E o que fez aquela mulher, que tinha visto os outros seis filhos serem torturados e mortos diante de si? O que fez aquela mãe, cuja alma se encontrava dilacerada, à semelhança de Nossa Senhora, no Calvário? A Escritura diz que "ela consentiu em persuadir o filho" (v. 26), mas que, em seguida, exortou-lhe, falando na língua materna: "Meu filho, (...) não temas (...) este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles" (v. 27.29).
Esta santa mulher, mesmo acabrunhada pela dor de perder todos os seus filhos, estava consciente de que havia algo muito pior que a morte do corpo: a perdição da alma. "Seguindo as pegadas de todos os seus filhos, a mãe pereceu por último" (v. 41). Naquele dia, uma família inteira entregava-se em sacrifício a Deus. Eles preferiram morrer a violar as leis de seus pais, a abandonar as tradições de seus antepassados.
Olhando para a história da Igreja, não é difícil encontrar dramas muito parecidos com este contado pelo Espírito Santo. De São Pedro a São Maximiliano Kolbe, de São Josafá aos mártires deste tempo, inúmeros são os exemplos de homens e mulheres que ofereceram a sua vida em holocausto, preferindo a morte a ofender a Deus. No dia a dia, todos os cristãos são chamados a testemunhar a mesma coragem destes grandes servos da fé, senão pelo sangue, pelo sacrifício quotidiano e pela prática da penitência. Este é o único caminho possível para o Céu. O outro é a idolatria – que, por sua vez, conduz à morte eterna.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

O castelo de nossas almas...

 

Se não tivermos e não procurarmos a paz em nossa própria casa, não a encontraremos em casas alheias
A analogia de Santa Teresa de Ávila, em suas "Moradas", comparando a alma a um grande castelo, é uma dessas intuições geniais que se podem dizer, sem medo, inspiradas por Deus.
Quem nunca ficou admirado, ao tomar contato com imagens do passado, com os belíssimos castelos medievais, a majestosa arquitetura antiga, ou nunca se imaginou morando em um desses lugares fantásticos, cheios de longas escadarias e obras de arte portentosas? Pois bem, não é grande tolice que nos detenhamos a contemplar essas belas obras humanas ou que nos fixemos demasiadamente naquilo que é material e ignoremos o tão elevado castelo que é a nossa própria alma? Como indica a própria Teresa, "sabemos muito por alto que nossa alma existe, porque assim ouvimos dizer e a fé nos ensina", mas raramente consideramos "as riquezas que há nesta alma, seu grande valor, quem nela habita"[1].
Em sua obra, Teresa convida suas irmãs carmelitas a adentrarem nos castelos de suas almas. Diferentemente dos castelos comuns, para os quais uma breve visita significaria ter de juntar altas somas de dinheiro, percorrer longas distâncias ou, talvez, até atravessar oceanos, para adentrar no castelo de nossas almas, podendo aí permanecer por muito tempo, basta colocar-se à porta: "Pelo que entendo, a porta para entrar neste castelo é a oração"[2]. Porém, ainda que seja simples entrar neste castelo, são poucos os que verdadeiramente abrem a sua porta e entram em si mesmos, por assim dizer.
Mas, por que entrar nesse castelo? Para quê, afinal? Primeiramente, para ganhar a salvação, pois "é desatino pensar que havemos de entrar no céu sem primeiro entrar em nós mesmos"[3]. Não à toa Santo Afonso de Ligório dizia que "quem reza, se salva; quem não reza, se condena": o primeiro santuário no qual todo homem deve entrar é o de si mesmo; aí, além de sua miséria e de sua condição de criatura, ele encontrará o seu Criador, como aconteceu a Santo Agostinho: "Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!"[4].
Depois, sem recolhermo-nos em nós mesmos, é impossível que nos santifiquemos. Infelizmente, tomados por uma mentalidade mesquinha, temos oferecido a Deus o nosso "mínimo", muitas vezes "nos arrastando à força e cumprindo nossas obrigações somente para evitar pecados"[5]. Ao contrário, se quisermos de fato amar a Deus sobre todas as coisas e corresponder à "vocação universal à santidade"[6], devemos ser generosos, determinando-nos a conformar nossa vontade com a do Senhor e agradá-Lo em tudo.
Por fim, não pode haver verdadeira paz senão no interior: "Haverá maior mal do que não podermos estar em nossa própria casa? Se em nosso próprio lar não achamos sossego, que esperança teremos de encontrá-lo em casas alheias?"[7], pergunta Santa Teresa. Uma filha sua que experimentou a fundo essa verdade foi Santa Teresinha do Menino Jesus. Descrevendo a viagem que fez pela Europa, um ano antes de sua tomada de hábito, ela escreve:
"Durante toda a viagem, hospedamo-nos em hotéis principescos; jamais estive cercada de tanto luxo. É mesmo o caso de dizer que a riqueza não traz a felicidade, pois teria-me sentido mais feliz sob o teto de uma choupana e com a esperança do Carmelo, do que entre lambris dourados, escadas de mármore branco, tapetes de seda e com a amargura no coração... Ah! Eu bem o sentia: a alegria não se acha nos objetos que nos cercam; encontram-se no mais íntimo da alma, pode-se possuí-la do mesmo modo numa prisão ou num palácio. A prova é que sou mais feliz no Carmelo, mesmo no meio de provações interiores e exteriores, do que no mundo, cercada das comodidades da vida e, sobretudo, das ternuras do lar paterno!..."[8]
Como a Teresa do século XVI, a Teresa do século XIX tinha aprendido a grande lição: "Se não tivermos e não procurarmos a paz em nossa casa, não a encontraremos nas alheias"[9].
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quinta-feira, 15 de maio de 2014

“Senhor, com o teu auxílio, lutarei” - São Josemaria Escrivá

 




O cântico humilde e gozoso de Maria, no Magnificat , lembra-nos a infinita generosidade do Senhor para com os que se fazem como crianças, para com os que se abaixam e sinceramente se sabem nada. (Forja, 608)

Não nos esqueçamos de que santo não é o que não cai, mas o que se levanta sempre, com humildade e com santa teimosia. Se no livro dos Provérbios se comenta que o justo cai sete vezes por dia (Cfr. Prv 24, 16), tu e eu – pobres criaturas – não devemos admirar-nos nem desanimar com as nossas misérias pessoais, com os nossos tropeços, porque continuaremos avante se procurarmos a fortaleza nAquele que nos prometeu: Vinde a mim todos os que andais fatigados com trabalhos e cargas, e eu vos aliviarei (Mt 11, 28). Obrigado, Senhor, quia tu es, Deus, fortitudo mea (Sl 42, 2), porque foste sempre Tu, e só Tu, meu Deus, a minha fortaleza, o meu refúgio e o meu apoio.

Se desejas verdadeiramente progredir na vida interior, sê humilde. Recorre com constância, confiadamente, à ajuda do Senhor e de sua Mãe bendita, que é também tua Mãe. Com serenidade, tranquilo, por muito que doa a ferida ainda não cicatrizada do teu último resvalo, abraça de novo a cruz e diz: Senhor, com o teu auxílio, lutarei para não me deter, responderei fielmente aos teus apelos, sem temor às encostas empinadas, nem à aparente monotonia do trabalho habitual, nem aos cardos e aos seixos do caminho. Sei que sou assistido pela tua misericórdia e que, no fim, acharei a felicidade eterna, a alegria e o amor pelos séculos infinitos. (Amigos de Deus, 131)
 
 
Fonte: Página Mensagens de São Josemaria Escrivá

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Nossa Senhora da Pureza

Santa Maria, Mãe da Pureza - Padroeira dos Clérigos Regulares Teatinos

                      Entre todas as mulheres de todos os tempos e de todos os lugares, Deus escolheu Maria para ser sua mãe. Esta glória fez Maria cantar perante Santa Isabel: Minha alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta em Deus meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo... (Lc. 1, 42 ss.)
                     O Magnificat é o canto da glória de Maria, por ter sido a eleita de Deus. Em sua qualidade de Mãe, tem a Virgem um certo direito singular a todos os dons de seu Filho afirmam os santos e teólogos.
                      Todas as criaturas revelam Deus de algum modo, são como espelhos da divindade. Alguém já disse que Deus não fala, mas tudo nos fala de Deus. Maria é um espelho especialíssimo de Deus, diz São Tomás de Aquino. Os outros santos, diz ele, são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro foi casto, outro misericordioso, e assim nos são mostrados como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes . É por isso que a Ladainha lhe chama de Espelho da Justiça .O esplêndido quadro pintado por Luís Morales, dito o divino, com simplicidade de traços e de profundo gosto de artista, era venerado na capela particular da nobre família Bernardo-Mendonza de Nápoles.
                     O teatino Pe. Giuseppe Caracciolo, confessor dessa família, freqüentemente orava diante dessa imagem atraído pelo esplendor virginal que irradiava sobre a face de Nossa Senhora.
                    Quando morreu o último herdeiro, a imagem foi entregue em sinal de reconhecimento, aos padres teatinos, e, em 7 de setembro de 1641, foi transferida solenemente à Igreja de São Paulo Maior.
                   Os fiéis foram prontamente arrebatados, e por sua graciosidade e modéstia de traços a invocaram com o título de Madonna della Puritá, ou seja, Nossa Senhora da Pureza.
                   Em 1647, os padres teatinos a elegeram Patrona de sua Ordem.
                   Desde então, o culto à N. Sra. Da Pureza se estendia por toda a parte onde os teatinos fossem abrir uma casa ou reger uma Igreja. Assim é que hoje se pode venerar tal imagem em muitos lugares, sobretudo no sul da Itália.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DA PUREZA
Oh! Minha Senhora e minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós e, em prova de minha devoção, vos consagro neste dia, meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meus coração e todo o meu ser. E já que sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como filho  muito amado vosso. AMÉM!
HINO A NOSSA SENHORA DA PUREZA

1. Maria da Pureza, tu es a mãe do menino Deus
Olhai do céu nosso povo que vive e caminha em busca do amor
Maria ensinai-nos admitir as nossas fraquezas
E confiando em teu filho a ele entregamos o nosso viver (bis)
Senhora da Pureza, levai-nos à Liberdade,
Guiando nossa vida nos passos da Sobriedade (2x)

2. Arrependido ó Mãe, confesso a Deus os meus pecados
Somente morrendo o homem velho, renasceremos no amor do Pai
Ajuda a reparar o mal que causei aos meus irmãos
Professo: creio em Deus Trino e que eu seja fermento do Reino de Deus (bis)

3. Orando e Vigiando pra não cair em tentação,
A teu exemplo Maria, queremos servir o nosso irmão
Celebrando a partilha do pão do céu que faz viver
Festejaremos alegres em Jesus Cristo, a Libertação (bis)

4. Maria da Pureza, tu que caminhas no meio do povo
Desperta, anima e ensina o nosso povo a viver no amor.
Maria da Pureza, mãe dos humildes e dos mais simples
Guiai a nossa vida nos doze passos da Sobriedade. muito amado vosso. AMÉM!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Primeira Aparição de Nossa Senhora de Fátima


Dia 13 de Maio de 1917.

Lúcia, Francisco e Jacinta estavam brincando num lugar chamado Cova da Iria. De repente, observaram dois clarões como de relâmpagos, e em seguida viram, sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, uma Senhora de beleza incomparável.
Era uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, irradiando luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Sua face, indescritivelmente bela, não era nem alegre e nem triste, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito, e voltadas para cima. Da sua mão direita pendia um Rosário. As vestes pareciam feitas somente de luz. A túnica e o manto eram brancos com bordas douradas, que cobria a cabeça da Virgem Maria e lhe descia até os pés.
Lúcia jamais conseguiu descrever perfeitamente os traços dessa fisionomia tão brilhante. Com voz maternal e suave, Nossa Senhora tranqüiliza as três crianças, dizendo:
Nossa Senhora: “Não tenhais medo. Eu não vos farei mal.”
E Lúcia pergunta:
Lúcia: “Donde é Vossemecê?”
Nossa Senhora: “Sou do Céu!”

Lúcia: “E que é que vossemecê me quer?
Nossa Senhora: “Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez.”
Lúcia: “E eu também vou para o Céu?”
Nossa Senhora: “Sim, vais.”
Lúcia: “E a Jacinta?”
Nossa Senhora: “Também”
Lúcia: “E o Francisco?”
Nossa Senhora: “Também. Mas tem que rezar muitos terços”.
Nossa Senhora: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?”
Lúcia: “Sim, queremos”
Nossa Senhora: “Tereis muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.
Ao pronunciar estas últimas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos, e delas saía uma intensa luz.
Os pastorinhos sentiram um impulso que os fez cair de joelhos, e rezaram em silêncio a oração que o Anjo havia lhes ensinado:
As três crianças: “Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.”
Passados uns momentos, Nossa Senhora acrescentou:
Nossa Senhora: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo, e o fim da guerra.”
Em seguida, cercada de luz, começou a elevar-se serenamente, até desaparecer.

TERCEIRA TARDE DE LOUVOR COM A MÃE PURÍSSIMA!

"Nós amamos porque primeiro Deus nos amou!" (1Jo 4, 19) Abrimos o mês da Bíblia com a Terceira Tarde de Louvor com a Mãe Puríss...